sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Paraiso__Innocence__Cap 1

Hoje faria exatamente dois messes que meus pais morreram em um acidente. Nesse meio tempo eu estava na casa de tia Esme, mas ela esta com alguns problemas e terá que viajar, assim irei para Forks, morar com meu tio Carlisle.
A estrada estava tranquila então rapidamente cheguei a sua casa.
--Bella. –ele estava me esperando na porta e assim que desci fui recebida com um abraço.
Ninguém tocava no assunto de meus pais, e eu agradecia mentalmente por isso.
--Olá tio.
--Minha menininha cresceu. Como vai a escola?
--Ótima. Estava ansiosa em vir para cá.
--Que bom. Rose e Alice estão la em cima.
--Ok. Vou subir.
--Sim, querida tome um banho e desça para almoçar, seu quarto é o de porta branca.
--Tudo bem... –sussurrei enquanto entravamos em casa.
Subi as escadas e ouvi as garotas rindo no quarto, dei um leve sorriso, eu me sentia em casa ali, empurrei lentamente a porta do quarto, varrendo com os olhos o cômodo. A cama de casal estava coberta por uma colcha na cor salmão, as cortinas eram claras, mas meus olhos focaram em uma pequena varanda. Tinha uma rede e um telescópio médio ali, aquele era o quarto de minha mãe quando morava ali, sim ela amava ver as estrelas, meus olhos marejaram, mas eu me sentia bem por estar ali.
Cheguei mais perto da beirada do parapeito,sorri,tinha uma pequena lagoa,cercada por arvores,parecia que só eu conseguiria chegar ali, que só eu sabia de sua existência. Sim, ali poderia ser meu “esconderijo” onde ficaria sozinha, para pensar. Voltei a olhar em volta e meus olhos encontraram um pequeno portão escondido em um canto, me aproximei dele, lentamente, olhei para baixo e vi uma escada de ferro antiga, estava um pouco enferrujada, aquele era o único caminho para chegar à lagoa, sorri, aquele seria meu lugarzinho secreto, eu sei que isso é infantil, mas eu não ligava.
Entrei no quarto novamente, fechando lentamente a grande porta que dava na varanda. Tomei um banho e escolhi uma roupa leve e uma rasteirinha iria dar uma volta na cidade e rever os velhos amigos.
Desci as escadas lentamente e encontrei meu tio na cozinha. Decidi falar com ele antes.
--Tio... Vou dar uma volta pela cidade, rever minhas amigas, almoço em algum restaurante. Tudo bem?
--Sim, tudo bem querida.
Sorri levemente e fui à direção à porta. Meu carro estava parado ali, pode parecer estranho, mas eu gostava de carros espaçosos e esportivos, o jipe foi uma ótima escolha.
Entrei nele e dei partida. Lembrei-me de La Push, sim que lugar seria melhor para passar um tempo comigo mesma.
Incrivelmente estava calor em Forks, fiz uma boa escolha na roupa, a praia estava quase vazia, não passavam das 09h00min, as pessoas estavam cuidando de suas casas, não teriam tempo para ir ali.
Sentei-me em um banco, que me proporcionava uma vista magnífica. Fechei meus olhos e respirei aquele ar delicioso.
Aquele lugar me faria bem. Disso eu tinha certeza.
A tarde passou lentamente, eu já tinha almoçado e encontrado uma velha amiga, Leah, conversamos um tempo, mas já estava tarde e resolvi voltar para casa, encontrei meu tio na varanda da casa lendo um livro.
--Tio. –chamei me encarou e sorriu. –Esta tudo bem? –perguntei me aproximando.
--Sim, querida. Só estou preocupado com Rosalie.
--O que esta havendo com ela?
--Não sei Bella, ela esta saindo com um rapaz, mas ele não é boa pessoa.
--Quer que eu fale com ela?
--Não querida. Vá se deitar deve estar cansada. Amanhã resolverei isso.
Acenti e entrei. Estava de verdade muito cansada, por isso fui direto para o quarto. Abri a janela, estava calor, resolvi me deitar na rede, o céu estava estrelado, a vista mais linda que já havia visto.
Amanha seria um dia cheio, ir para a escola e tentar arrumar um emprego, para ajudar meu tio, enfim tentar recomeçar minha vida do zero.


PS:Lembrando q posto no Nyah onde é mais facil pra mim...vou passa-las para cá aos poucos..
Minha conta no Nyah é:http://www.fanfiction.com.br/juuuuhhhh13
Passem por lá..leiam tambem as fic's nos meus favoritos sao otimas ^^

Inocence -Apresentaçao

  Bella Swan: Inteligente,bonita,perdeu os pais a pouco tempo,tem sintomas de uma doença(grave)genetica(ou nao)fez varios amigos na cidade de seu tio,ate que conhece Edward cullen.  Jacob Black: Um garoto completamente familia,perdeu os pais muito novo.Sua vida se transforma depois de resgatar Bella de um salto no penhasco.
 Kim :Irmã de Jake,a primeira a perceber a doença de Bella.
 Alice Marie:Prima de Bella (ñ sera tao importante aqui)
 Edward Cullen: Um garoto de familia rica,conhece Bella em uma de suas passagens por forks.Mas a vida nao sera tao facil assim.
 Rosalie Hale:Prima de Bella(ñ tao importante) ex (Ou ñ) de Ed.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Roupa do 1 capitulo..Bells..de innocence.

<div><div style="position:relative;width:400px;height:400px;"><a href="http://www.polyvore.com/roupa_bells/set?.embedder=2208909&.mid=embed&id=27513173"><img width="400" alt="Roupa Bells" src="http://www.polyvore.com/cgi/img-set/BQcDAAAAAwoDanBnAAAABC5vdXQKFnhoRjFtYlFvNEJHVGJoc1ZDSWhrVFEAAAACaWQKAWUAAAAEc2l6ZQ.jpg" title="Roupa Bells" height="400" border="0" force="1" /></a></div><br/><small><a href="http://www.polyvore.com/roupa_bells/set?.embedder=2208909&.mid=embed&id=27513173">Roupa Bells</a> por <a href="http://www.polyvore.com/cgi/profile?.embedder=2208909&.mid=embed&id=2208909">KebiSky</a> usando <a href="http://www.polyvore.com/black_sandals/shop?query=black+sandals">black sandals</a></small></div><div style="padding-top:16px;font-size:0.75em"><p style="clear:both;margin:0em;padding:0px"><a rel="nofollow" href="http://www.polyvore.com/cgi/thing.outbound?.embedder=2208909&.mid=embed-imagelist&id=27547396"><img width="50" hspace="4" align="left" src="http://cf2.polyvoreimg.com/thing.27547396.s.jpg" style="border:1px solid #cccccc;margin:0 8px 8px 0;padding:2px;background-color:#ffffff;" height="50" force="1" /></a><div style="margin-bottom:8px"><a rel="nofollow" href="http://www.polyvore.com/cgi/thing.outbound?.embedder=2208909&.mid=embed-imagelist&id=27547396">Black top from H&M (http://www.hm.com)%3c/a%3E%3Cbr/%3Ehm.com%3Cbr/%3E%3Ca href="http://www.polyvore.com/tank_tops/shop?category_id=104&.mid=embed-imagelist" style="color:#888">Tank top</a> &raquo;<br style="display:none"/><br style="display:none"/></div></p><p style="clear:both;margin:0em;padding:0px"><a rel="nofollow" href="http://www.polyvore.com/cgi/thing.outbound?.embedder=2208909&.mid=embed-imagelist&id=28212187"><img width="50" hspace="4" align="left" src="http://cf2.polyvoreimg.com/thing.28212187.s.jpg" style="border:1px solid #cccccc;margin:0 8px 8px 0;padding:2px;background-color:#ffffff;" height="50" force="1" /></a><div style="margin-bottom:8px"><a rel="nofollow" href="http://www.polyvore.com/cgi/thing.outbound?.embedder=2208909&.mid=embed-imagelist&id=28212187">Woburn Hotpant</a><br/>$80&nbsp;-&nbsp;allsaints.com<br/><a href="http://www.polyvore.com/vintage_shorts/shop?query=vintage+shorts&.mid=embed-imagelist" style="color:#888">Vintage shorts</a> &raquo;<br style="display:none"/><br style="display:none"/></div></p><p style="clear:both;margin:0em;padding:0px"><a rel="nofollow" href="http://www.polyvore.com/cgi/thing.outbound?.embedder=2208909&.mid=embed-imagelist&id=27862435"><img width="50" hspace="4" align="left" src="http://cf2.polyvoreimg.com/thing.27862435.s.jpg" style="border:1px solid #cccccc;margin:0 8px 8px 0;padding:2px;background-color:#ffffff;" height="50" force="1" /></a><div style="margin-bottom:8px"><a rel="nofollow" href="http://www.polyvore.com/cgi/thing.outbound?.embedder=2208909&.mid=embed-imagelist&id=27862435">FOXGLOVE Black Suede Double Flower Thong Sandals</a><br/>$80&nbsp;-&nbsp;topshop.com<br/><a href="http://www.polyvore.com/black_sandals/shop?query=black+sandals&.mid=embed-imagelist" style="color:#888">Black sandals</a> &raquo;<br style="display:none"/><br style="display:none"/></div></p><p style="clear:both;margin:0em;padding:0px"><a rel="nofollow" href="http://www.polyvore.com/cgi/thing.outbound?.embedder=2208909&.mid=embed-imagelist&id=28188427"><img width="50" hspace="4" align="left" src="http://cf1.polyvoreimg.com/thing.28188427.s.jpg" style="border:1px solid #cccccc;margin:0 8px 8px 0;padding:2px;background-color:#ffffff;" height="50" force="1" /></a><div style="margin-bottom:8px"><a rel="nofollow" href="http://www.polyvore.com/cgi/thing.outbound?.embedder=2208909&.mid=embed-imagelist&id=28188427">Handbags | Rebecca Minkoff Online Store</a><br/>$550&nbsp;-&nbsp;rebeccaminkoff.com<br/><a href="http://www.polyvore.com/rebecca_minkoff_handbags/shop?brand=Rebecca+Minkoff&category_id=318&.mid=embed-imagelist" style="color:#888">Rebecca minkoff handbags</a> &raquo;<br style="display:none"/><br style="display:none"/></div></p></div>

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Robert diz que esta cansado da saga crepusculo...


Pattinson conta os dias para o final da saga Crepúsculo… o galã afirmou em entrevista do “The New York Times” que está ficando cansado de repetir o papel de Edward Cullen nos filmes da Saga Crepúsculo.
“…Pode ficar meio entediante, espero que não comece a ficar ridículo… O bom é que em sete meses tudo isso estará terminado”,
afirmou o jovem (chato) ator.
Mas, o que ele ainda não sabia (quando falou isso) era que o último livro em que são baseados os filmes, será dividido em duas partes. Isso o deixará preso ao papel até o verão de 2012...
Ixi Rob cuidado com o q fala!!

Kristen reclama do ciume de Robert...




Segundo um site, a atriz Kristen Stewart está cansando do ciúme excessivo de Robert Pattinson.
“Kristen adora passar tempo com Robert. Mas ela precisa de um tempo para si. Quando ele visita o set de filmagens, ele não larga do pé dela. Ela é uma mulher independente e gosta de ter tempo para si”, disse uma fonte próxima da atriz ao site.
De acordo com a tal publicação, Robert não teria gostado de certas cenas que ela filmou para o filme “On The Road”.
“Ele sente muito ciúmes do ator Viggo Mortensen, que contracena com sua namorada” comentam.

Fotos do PCA!! 2011

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

WTTR!!!!

Foi divulgado o primeiro trailer do drama independente – Welcome to the Rileys, do diretor de clipes Jake Scott, estrelado por Kristen Stewart (A Bella de Crepúsculo), James Gandolfini (The Sopranos) e Melissa Leo (Rio Congelado).
Sinopse: “Gandolfini vive uma grande crise no seu casamento após a morte da filha. Ele conhece uma stripper chamada Mallory (Kristen Stewart) e decide ajudá-la.”

Exibido no Festival de Sundance, Welcome to the Rileys estreia em outubro nos EUA e não tem previsão para o Brasil… Dizem ser a melhor atuação da atriz!!!




Capitulo 4 de Crescendo

O sonho veio em três cores: preto, branco, e um cinza mortiço.
Era uma noite fria. Eu estava com os pés descalços na estrada de terra, na lama e na chuva enchendo rapidamente os caldeirões que pockmarking a. As rochas e as ervas daninhas esqueletais saltaram intermitentemente. A escuridão consumiu o campo, exceto um ponto* brilhante.
*Eu definitivamente não consegui identificar o que estava escrito atrás da tal tarja vermelha, então adaptei de acordo com o contexto.
Umas cem jardas longe da estrada, via-se uma taverna pedra-e- madeira. As velas grudadas nas janelas, e eu tinha me virado para ir me abrigar, quando ouvi o barulho distante de sinos. Enquanto o som se aproximava, eu me dirigi a uma distância segura fora da estrada. Eu assisti a uma carruagem puxada por cavalos sair da escuridão e parar exatamente onde eu estava em pé momentos antes. Assim que as rodas pararam, o cocheiro se atirou da carruagem, espalhando a lama por cima de sua bota. Ele abriu a porta e deu um passo para trás.
Uma sombra emergiu. Um homem. Uma capa pendurada nos ombros, batendo aberta ao vento, mas cobria seu rosto.
—Espere aqui,— Ele disse ao cocheiro.
—Meu senhor, está chovendo forte...
O homem da capa se direcionou para a taverna. —Eu tenho negócios a tratar. Não demorarei. Mantenha os cavalos preparados.— Os olhos do cocheiro se viraram para a taverna. —Mas, meu senhor... somente ladrões e vagabundos freqüentam lá. E está um ar esquisito esta noite. Sinto isso em meus ossos. — Ele tremeu seus braço bruscamente, como de expulsasse um resfriado. —Meu senhor, deve ser melhor voltar pra casa, para a Senhora e o pequeno 'uns.

Não fale nada disso para minha esposa.— O homem da capa flexionou e abriu suas mãos enluvadas enquanto fixava seu olhar na taverna. —Ela já tem demais com o que se preocupar.— Ele murmurou.
Eu mudei minha atenção para a taverna, e o sinistro candelabro oscilando em sua pequena e torta janela. O telhado era torto também, inclinando levemente para a direita, como se as ferramentas usadas para construir estivessem longe do exato.
As ervas —daninhas sufocavam o exterior, e de vez em quando um grito ou um som de vidro qubrando viajava para fora de seus muros. O cocheiro arrastou a manga de seu casaco pelo seu nariz. —Meu prórpio filho morreu de praga não tem dois anos. Algo terrível, que você e a senhora então sofrendo.
No duro silêncio que se seguiu, os cavalos bateram seus cascos impacientemente, seus dorsos fervendo.*Foi o mais próximo do que eu consegui interpretar
A imagem era tão real, que me assustava. Nunca antes eu tinha tido um sonho tão real.
O homem da capa tinha começado a atravessar a escuridão rumo a taverna. As laterais do sonho desapareciam detrás dele, e depois de um momento de hesitação, eu fui atrás dele, com medo de que eu também desaparecesse também, se eu não ficasse por perto. Eu escorreguei através da porta da taverna atrás dele.
No meio da parede do fundo, tinha um forno gigante com uma chaminé de tijolos. Várias tigelas de madeira, copos estranhos, e utensílios ladeados na parede para ambos os lados do forno, pendurados em grandes unhas [?]. Três barris tinham rolado para o canto. Um cão sarnento estava enrolado em uma bola de dormir em frente a eles.
Fezes derrubadas e um arranjo aleatória de pratos sujos e canecas desordenadas no chão, que dificilmente era um chão, afinal. Era sujeira, socada e polvilhada com o que parecia serragem, e no momento em que eu pisei, a lama já seca nos meus calcanhares limpou o pó da terra. Eu estava ansiando por um banho quente, quando a aparência dos quase 10 clientes situados em várias mesas na taverna penetraram meus sentidos.
A maior parte dos homens tinham cabelos na altura do ombro, com estranhas barbas pontiagudas. Suas calças eram folgadas e enfiadas dentro de botas altas, e suas mangas dobradas. Eles usavam chapéus de abas largas, que me lembrava peregrinos.
Eu definitivamente estava sonhando em um tempo distante da história e desde que os detalhes eram tão vívidos, eu deveria pelo menos ter uma idéia de que período eu estava sonhando. Mas eu era uma perca de tempo. Parecia muito com a Inglaterra, mas em qualquer lugar do sécul quinze ao século desoito. Eu tinha tirado um 10 em Históra esse ano, mas vestimenta da época não estava em nenhum de nossos testes. Nada na cena antes de mim tinha.
—Eu estou procurando um homem.— O homem da capa disse para o balconista, que estava posicionado atrás de uma grande e vasta mesa que eu conclui servir como o bar. —Foi-me dito para encontrar com ele aqui esta noite, mas eu temo não saber seu nome.
O balconista, um homem pequeno, careca exceto por alguns fios de cabelo no topo de sua cabeça, olhou para o homem de capa. —Bebe alguma coisa?— ele
perguntou, espalhando seus lábios para mostrar tocos negros e tortos como seus dentes.
Eu engoli a náusea que rolou pelo meu estomago quando avistei seus dentes e dei um passo para trás.
O homem de capa não mostrou a mesma repulsão. Ele meramente balançou sua cabeça. —Eu preciso achar esse homem o mais rápido possível. Eu fui avisado que você seria capaz de me ajudar.
O sorriso do balconista voltou para trás de seus lábios. —Aye, eu posso ajudar você a encontrar ele, meu senhor. Mas creia no velho e beba um ou dois copos antes. Algo par aquecer seu sangue em uma noite fria.
Ele empurrou um pequeno copo para o homem. Atrás da capa, o homem balançou sua cabeça de novo. —Temo que eu esteja com um pouco de pressa.— Ele empurrou algumas moedas através da mesa.
O balconista guardou as moedas. Apontando co, sua cabeça para a porta de trás, ele disse, —ele fica além da floresta. Mas, meu senhor? Tenha cuidado. Alguns dizem que a floresta é mal-assombrada. Alguns dizem que o homem que entra na floresta nunca mais volta. O homem na capa inclinou-se sobre a mesa que os dividia e abaixou sua voz. —Eu gostaria de fazer uma pergunta pessoal. O mês judaico do Cheshvan significa algo para você?

Eu não sou judeu.—, o balconista disse, terminantemente, mas algo em seus olhs me disse que não era a primeira vez que o perguntavam isso.
—O homem que eu vim ver esta noite me disse para encontrá-lo aqui na primeira noite do Cheshvan. Ele disse que precisava de mim para lhe prestar um serviço, na quinzena inteira.
O balconista acariciou seu queixo. —Uma quinzena é um longo
tempo.
—Longo demais. Eu não deveria ter vindo, mas temi o que o homem faria se eu não viesse. Ele mencionou o nome da minha família. Ele os conhece. Eu tenho uma linda mulher e quatro filhos. Eu não os quero prejudicados.
O balconista abaixou sua voz, como se estivesse compartilhando ma fofoca escandalosa. —O homem que você veio ver é...— ele olhou envolta, passando um olhar suspeito na taverna.
—Ele é incomumente poderoso.— O homem da capa disse. — Eu já vi sua força antes, e ele é corajoso. Eu vim por essa razão. Obviamente ele não espera que eu abandone meus deveres e minha família por tanto tempo. O homem deve ter uma razão.
—Eu desconheço suas razões.— Disse o balconista.
—Meu filho mais novo contraiu a praga,— o homem da capa explicou,
sua voz tomando um tanto de desespero. —os doutores não acham que ele viverá muito mais. Minha família precisa de mim. Meu filho precisa de mim.
—Tome uma bebida—, o balconista disse silenciosamente. Ele cutucou o copo pela segunda vez.
O homem de capa virou-se abruptamente da mesa e caminhou em direção a porta. Eu o segui.
Do lado de fora, eu espirrei lama gelada com meus pés descalços atrás dele. A chuva continuava a cair, e eu tinha que andar cuidadosamente para evitar escorregar. Eu enxuguei meus olhos e vi os homem da capa desaparecer na linha de arvores na beira da floresta.
Eu tropecei atrás dele, hesitando na linha das árvores. Colocando
minhas mãos para segurar meus cabelos molhados, eu espiei através da densa escuridão a frente.
Tinha um flash de movimento e de repente o homem de capa estava correndo em minha direção. Ele tropeçou e caiu. Os galhos grudaram em sua capa; em frenesi, Ele lutou para solta-la de seu pescoço. Ele deu um guincho de terror, seus braços agitados freneticamente, seu corpo balançando e repuxando convulsivamente.
Eu atravessei meu caminho em direção a ele, galhos ferindo meus braços, pedras esfaqueando meus pés descalços. Eu caí de joelhos ao lado dele. Sua capa ainda estava quase solta, mas eu pude ver que sua boca estava um tanto aberta, paralizada em um grito.
—Role!— Eu o odernei, puxando para livrar o tecido debaixo
dele.
Mas ele não podia me ouvir. Pela primeria vez, o sonho me pareceu familiar. Como todos os outros pesadelos em que eu fiquei presa. Por mais que eu lutasse, o que eu mais queria estava fora do meu alcance. Eu empurrei seus ombros e sacudi-o. —Role! Eu posso te tirar daqui, mas você tem que ajudar!
—Eu sou Barnabas Underwood.— Ele sussurou. —Você sabe o caminho até a Taverna? É uma boa garota.— Ele disse, batendo no ar, como se estivesse acariciando um rosto imaginário.
Eu enrijeci. Não tinha como ele poder me ver. Ele estava aluciando com outra garota. Ele tinha que estar. Como ele poderia me ver se ele não podia me ouvir?
—Volte correndo e fale com o balconista para enviar ajuda.— Ele continuou —diga-o que não há homem. Diga que era um dos anjos malignos, que veio
possuir meu corpo e descartar minha alma. Diga-o pra enviar um padre, água benta e rosas.
Na mensão dos anjos malignos, os cabelos dos meus braços arrepiaram-se.
Ele virou sua cabeça devolta em direção a floresta, forçando o pescoço. —O anjo!— ele suspirou em pânico. —O anjo está vindo!
Sua boca tremeu em formas distorcidas, e pareceu que ele estava lutando para controlar seu prórprio corpo. Ele arcou suas costas violentamente, e sua capa estava finalmente solta.
Eu ainda estava agarrando a capa, mas eu senti minhas mãos afrouxarem reflexivamente. Eu encarei o homem com um pouco de surpresa presa em minha garganta. Ele não era Barnabas Underwood.
Ele era Hank Millar.
O Pai de Marcie.
Eu pisquei meus olhos acordando.
Raios de luzes desbravaram pela janela do meu quarto. O painel estava rachado, e uma brisa preguiçosa sussurrou o primeiro sopro da manhã sobre minha pele. Meu coração ainda estava batendo forte por causa do pesadelo, mas eu respirei fundo e me acalmei, aquilo não era real. Verdade seja dita, agora que meus pés estão plantados firmemente em meu mundo, estava tão perturbada com os últimos acontecimentos que acabei sonhando com o pai da Mercie e mais nada. Quero esquecer isso logo, deixar esse sonho de lado.
Peguei meu celular debaixo do travesseiro e chequei as mensagens. Patch não ligou. Agarrando o travesseiro novamente, tentei ignorar a sensação de vazio
dentro de mim. Quantas horas tinham se passado desde que Patch foi embora? Doze. Quantas mais até vê-lo novamente? Eu não sabia. Isso é que realmente preocupa-me. Quanto mais o tempo passa, mais eu sinto a parede de gelo entre nós engrossar.
Apenas mantenha a cabeça no lugar hoje, disse á mim mesma, engolindo a pedrinha na garganta.
A estranha distância entre nós não poderia durar para sempre. Nada se resolveria se eu ficasse na cama o dia inteiro. Eu veria Patch novamente. Ele pode até mesmo aparecer após a aula. Por outro lado, eu poderia ligar para ele. Eu fico com esses pensamentos ridículos, mantendo- me pensando sobre arcanjos, sobre inferno e sobre o medo que eu tinha de que Patch e eu não fossemos forte o suficiente para resolvermos nossos problemas.
Eu saltei da cama e encontrei um Post-it amarelo grudado no espelho do quarto.
Boas notícias: convenci Lynn a não mandar Scott te apanhar nesta manhã.
Tristes notícias: Lynn confirmou o tour na cidade. A respeito disso eu não tenho certeza se um não vá funcionar. Você tem em mente aonde o levará após a aula? Mantenha ele no seu lugar. Realmente no seu lugar. Eu deixei seu número no balcão da cozinha. XOXO —Mamãe.
P.S. Ligarei à noite do hotel.
Eu gemi e me abaixei em frente ao balcão. Eu não quero passar alguns minutos com Scott, quanto mais algumas horas.
Quarenta minutos depois eu tinha tomado banho, me vestido e comido uma tigela de aveia e morango. Ouvi batidas na porta da frente, depois de abri-la
encontrei Vee sorrindo. —Pronta para outro dia de pura diversão na escola de verão?— perguntou ela.
—Pronta para outro dia de pura diversão na escola de verão?— perguntou ela.
Peguei minha mochila no gancho do armário de casacos. — Vamos, só pegar o dia de hoje com mais calma, OK?
—Whoa. Quem pisou no seu calo? —Scott Parnell.— Patch.
—Eu vejo que este problema não irá melhorar com o tempo.
—E tenho que fazer um tour com ele na cidade após a aula.
—Um tempo a sós com um menino. O que há de ruim?
—Você deveria ter estado aqui na noite passada. O jantar foi bizarro. A mãe dele começou a nos contar sobre seu passado conturbado, mas Scott a cortou. Não só isso, mas quase parecia que ele estava a ameaçando. Então, ele pediu para usar o banheiro, mas acabou nos escutando do corredor.— E talvez tenha falado com os
pensamentos de sua mãe.
Soa como se ele estivesse tentando manter sua vida privada. Soa como tenhamos que fazer algo para mudar isso.
Eu estava a dois passos de Vee, liderando o caminho, então me reaproximei. Eu apenas tive uma luz de inspiração. —Eu tenho uma grande idéia—, disse, virando-me. —Porque você não faz o tour com Scott? Não, sério, Vee. Você vai amá-lo. Ele é irresponsável, anti-regras, atitude de bad boy. Ele até perguntou se tínhamos cerveja, certo? Acho que ele atende todas as suas expectativas.
—Não posso, tenho um almoço com Rixon.
Eu senti como uma facada no coração. Patch e eu tínhamos planos de almoçarmos hoje também, mas de alguma forma eu duvidava que isso estivesse acontecendo. O que eu tinha feito? Eu tinha que ligar para ele. Tinha que achar uma maneira de falar com ele. Eu não ia terminar assim. Foi um absurdo. Mas uma pequena voz que eu estava ignorando questionou porque ele não me ligou primeiro. Ele também tinha uma parcela de culpa pelo modo que agi.
—Eu te pago para você sair com ele, a oferta final.— Eu disse.
—Tentador, mas não. E outra coisa. Patch provavelmente não vai ficar nada satisfeito se você e Scott juntos se tornar um hábito. Não me interprete mal. Eu não poderia me importar menos com o que Patch pensa, ou se você quer deixá-lo louco, mas pode importar para você. Ainda sim, pensei que poderia te dar essa dica.
Eu estava no meio da escadaria da frente, e meu pé escorregou na simples menção do Patch. Pensei em contar para vi tudo o que tinha acontecido, mas eu ainda não estava pronta para dizer isso em voz alta. Senti meu celular com a imagem de Patch queimando no meu bolso. Parte de mim queria atirá-lo no meio das árvores do outro
pensamentos de sua mãe.
Soa como se ele estivesse tentando manter sua vida privada. Soa como tenhamos que fazer algo para mudar isso.
Eu estava a dois passos de Vee, liderando o caminho, então me reaproximei. Eu apenas tive uma luz de inspiração. —Eu tenho uma grande idéia—, disse, virando-me. —Porque você não faz o tour com Scott? Não, sério, Vee. Você vai amá-lo. Ele é irresponsável, anti-regras, atitude de bad boy. Ele até perguntou se tínhamos cerveja, certo? Acho que ele atende todas as suas expectativas.
—Não posso, tenho um almoço com Rixon.
Eu senti como uma facada no coração. Patch e eu tínhamos planos de almoçarmos hoje também, mas de alguma forma eu duvidava que isso estivesse acontecendo. O que eu tinha feito? Eu tinha que ligar para ele. Tinha que achar uma maneira de falar com ele. Eu não ia terminar assim. Foi um absurdo. Mas uma pequena voz que eu estava ignorando questionou porque ele não me ligou primeiro. Ele também tinha uma parcela de culpa pelo modo que agi.
—Eu te pago para você sair com ele, a oferta final.— Eu disse.
—Tentador, mas não. E outra coisa. Patch provavelmente não vai ficar nada satisfeito se você e Scott juntos se tornar um hábito. Não me interprete mal. Eu não poderia me importar menos com o que Patch pensa, ou se você quer deixá-lo louco, mas pode importar para você. Ainda sim, pensei que poderia te dar essa dica.
Eu estava no meio da escadaria da frente, e meu pé escorregou na simples menção do Patch. Pensei em contar para vi tudo o que tinha acontecido, mas eu ainda não estava pronta para dizer isso em voz alta. Senti meu celular com a imagem de Patch queimando no meu bolso. Parte de mim queria atirá-lo no meio das árvores do outro
lado da estrada. Parte de mim não queria perdê-lo tão rápido. Além disso, se eu contasse para Vee, ela inevitavelmente defenderia que uma ruptura nos faz livres para namorar outras pessoas, que era a conclusão errada. Eu não estava procurando outro caminho, e nem Patch. Eu esperava. Esse foi apenas um obstáculo. Nossa primeira briga real. O rompimento não era permanente. Naquele momento, tínhamos dito coisas que não queríamos dizer.
—Se eu fosse você, me libertaria,— disse Vee, descendo a escada atrás de mim com seus saltos de quatro polegadas. —é o que eu faço sempre que me encontro na mesma situação. Ligue para Scott e diga que seu gato está vomitando as tripas, e você terá que levá-lo ao veterinário depois da escola.
—Ele estava na minha casa na noite passada. Ele sabe que eu não tenho um gato.
—Então, se ele não tem um espaguete cozido como cérebro, ele vai entender que você não está interessada.
Considerarei isso. Se eu não sair com Scott num tour pela cidade, talvez eu possa pegar o carro de Vee emprestado e segui-lo. Tentar racionalizar o que eu ouvi na noite passada, eu não podia ignorar o fato de ter ouvido Scott falar com os pensamentos de sua mãe. Um ano atrás eu acharia ridícula essa idéia. Mas hoje as coisas são diferentes. Patch já havia falado com meus pensamentos diversas vezes. Até Chauncey (Jules), um Nefilim do meu passado. Como conheço Scott desde os cinco anos, e anjos caídos não tem idade, já descartei essa hipótese. Mas mesmo que Scott não fosse um anjo caído, ele ainda poderia ser um Nefilim.
Mas se ele fosse um Nefilim, o que ele estava fazendo em Coldwater? O que ele estava fazendo ao viver uma vida de um adolescente comum? Ele sabia que era um Nefilim? Será que Lynn sabia? Será que Scott já tinha jurado fidelidade a um anjo caído? Se ele ainda não tivesse jurado, era a minha responsabilidade avisá-lo sobre o que viria pela frente? Não simpatizei de cara com Scott, mas não significava que eu achasse que ele merecia desistir de seu corpo duas semanas por ano.
Claro, talvez ele não fosse um Nefilim. Talvez eu tivesse me deixado levar pela crença de tê-lo ouvido conversar com os pensamentos de sua mãe.
Depois da aula de química segui para o meu armário, troquei meu livro pela minha mochila e celular, então atravessei as portas, tendo uma visão clara do estacionamento dos alunos. Scott estava sentado no capô de seu Mustang azul cintilante. Ele estava usando um chapéu havaiano e me dei conta que não o reconheceria se ele estivesse sem. No caso em questão: eu nem sequer sei qual a cor do seu cabelo. Puxei o Post-it que minha mãe havia me deixado do bolso e disquei o número dele.
—Deve ser Nora Grey—, respondeu ele. —espero que você não esteja me abandonando
—Más notícias. Meu gato está doente. O veterinário me pressionou para cuidar dele. Estava indo verificar se ia chover durante o nosso passeio. Desculpe—, eu terminei, não esperava sentir-me culpada. Afinal, era apenas uma pequena mentira. E uma parte de mim não acreditou que Scott quisesse mesmo um tour pela cidade comigo. Era o que dizia a mim mesma para aliviar a minha consciência.
—Certo—, disse Scott, e desligou o telefone.
Eu apenas fechei o celular quando Vee chegou por trás de mim. —Foi fácil com ele, essa é minha garota.
—Você se importaria em me emprestar o Neon mais tarde?—, eu perguntei, vendo Scott sair com o Mustang e fazer uma ligação em seu celular.
—Qual a ocasião?
—Eu quero seguir Scott de perto.
—Para quê? Esta manhã você deixou bem claro que você o considera um sanguessuga.
—Há alguma coisa sobre ele...sei lá.
—Sim, seus óculos escuros. Hulk Hogan, mais alguém? De qualquer forma, não posso te emprestar. Tenho o meu almoço com Rixon.
—Sim, mas Rixon poderia lhe dar uma carona para que eu possa ter o Neon—, eu disse, olhando pela janela para ter certeza de que Scott não tinha pulado
dentro de seu Mustang ainda. Eu não queria perdê-lo de vista antes de convencer Vee a me entregar as chaves do Neon.
—Claro que pode—. Mas eu pareceria mais dependente. —Os caras de hoje querem uma mulher forte e independente.
—Se você me deixar ficar com o Neon, eu vou encher o tanque.
A expressao de Vee se suavisou um pouco --Todo o tanque?
--Todo o tenque.--Ou  o quanto oito dolares puderem pagar.
Vee mordeu o lábio. —Tudo bem—, disse ela lentamente. — Mas talvez eu devesse ir junto para te fazer companhia, ter certeza de que nada de ruim vá acontecer.
—E Rixon?
—Só porque consegui um namorado gostoso não significa que vou deixar minha melhor amiga em risco. Além disso, tenho a sensação de que você precisará de minha ajuda.
—Nada de ruim vai acontecer. Vou ser discreta. Ele não vai perceber nada.— Mas eu apreciei a oferta. Os últimos meses me mudou. Eu não sou mais tão ingênua ou descuidada como eu era, ainda mais com Vee. Especialmente se Scott fosse mesmo um Nefilim. O único Nefilim que conheci tinha tentado me matar.
Após Vee ligar para Rixon e cancelado o almoço, esperamos até que Scott tivesse saido da vaga.
Ele virou a esquerda fora do estacionamento,Vee e eu corremos para seu Neon roxo.
--Voce dirigi. -disse Vee jogando as chaves para mim.
Alguns minutos depois
encontramos o Mustang, e eu estava três carros atrás. Scott ficou na estrada, rumo ao litoral e eu estava seguindo.
Meia hora depois, Scott seguiu no cais e estacionou em uma rua estreita de lojas, que levava ao oceano. Fui mais lentamente, permitindo-lhe tempo para que trancasse as portas e saísse andando, e estacionando duas vagas de distância.
—Parece que Scott vai ás compras—, disse Vee, —Falando em compras, você se importaria se eu for dar uma volta ao redor, enquanto você executa sua vigilância amadora? Rixon disse que gosta de meninas que usam acessórios como echarpes, e meu guarda-roupa está vazio de lenços.
Ao ficar meio quarteirão atrás de Scott, eu o vi entrar em uma loja de roupas da moda e sair em menos de quinze minutos com uma sacola de compras. Ele entrou em outra loja e saiu dez minutos depois. Nada de incomum, nada do que fez denunciaria que ele é um Nefilim. Depois da terceira loja, a atenção de Scott foi atraída por um grupo de universitárias que estavam almoçando na rua. Eles se sentaram em uma mesa sob um guarda-chuva no terraço do restaurante, usando shorts jeans e tops de biquíni, Scott tirou o celular com câmera e tirou algumas fotos.
Virei para fazer caretas na janela de vidro do café ao meu lado, e foi quando eu o vi sentando em uma cabine lá dentro. Ele estava vestindo uma calça caqui, com um botão azul embaixo, e um blazer de linho marfim. Seu cabelo louro ondulado estava maior agora, puxado para trás em um rabo de cavalo. Ele estava lendo o jornal.
Meu pai.
Ele dobrou o jornal e caminhou em direção aos fundos da loja. Eu corri pela calçada até a entrada do café e em empurrei para dentro. Meu pai tinha desaparecido na multidão. Eu corri para o fundo da loja, olhando em volta freneticamente. O corredor de azulejos preto e branco terminou no banheiro dos
homens do lado esquerdo e no lado direito o das mulheres. Não havia outra saída, significava que meu pai teria que ter entrado no banheiro dos homens.
—O que você está fazendo?—, Scott perguntou diretamente sobre o meu ombro.
Eu me virei. —como —o que —o que você está fazendo aqui?— —eu estava prestes a perguntar-lhe a mesma coisa. Eu sei que você me seguiu. Não fique tão surpresa. É um espelho chamado retrovisor. Você está me seguindo por algum motivo específico?
Meus pensamentos estavam muito confusos com tudo o que ele estava dizendo.
—Entre no banheiro masculino e veja se tem um homem de azul
lá dentro.
Scott bateu na minha testa. —Drogas? Transtornos de conduta? Você está agindo como uma esquizofrênica.
—Apenas faça.
Scott deu um pontapé na porta, entrando no vão livre. Eu ouvi os estalos das portas, e um momento depois, ele retornou.
—Nada
—Eu vi um homem vestido de azul caminhar até aqui. Não há outra saída.— Voltei a minha atenção para a porta do outro lado do corredor, era apenas outra porta. Entrei no banheiro das mulheres e cutuquei cada cabine aberta, com meu coração na boca. Todos os três estavam vazios.
Eu percebi que estava segurando a minha respiração, e a soltei. Eu tinha várias emoções esmagando dentro de mim, decepção e medo no topo da lista. Eu pensei ter visto meu pai vivo. Mas ele tinha se transformado num truque cruel da minha imaginação. Meu pai tinha ido embora. Ele nunca mais vai voltar, e eu preciso descobrir uma maneira de aceitar isso. Agachei-me de costas para a parede e em lágrimas senti todo meu corpo tremer.

Capitulo 3 de Crescendo

Eu me abaixei no canto da minha cama, encarando o espaço. A raiva estava começando a se dissipar, mas eu quase desejei que pudesse ficar presa na febre dela para sempre. O vazio que ela deixava para trás doía mais do que a dor penetrante e ardente
que eu tinha sentido quando Patch fora embora. Eu tentei achar sentido no que tinha acabado de acontecer, mas meus pensamentos estavam uma bagunça deslocada. Nossas palavras gritadas soavam nos meus ouvidos, mas elas ecoavam uma desordem, como se eu estivesse me lembrando de um pesadelo ao invés de uma conversa de verdade.
Eu realmente tinha terminado com ele? Eu realmente quisera que isso fosse permanente? Não havia jeito de contornar o destino ou algo mais imediato como as ameaças dos arcanjos? Como se respondendo, meu estômago deu um giro, ameaçando ficar enjoado.
Eu me apressei até o banheiro e me ajoelhei sobre a privada, meus ouvidos tinindo e minha respiração saindo rasa e cortada. O que eu tinha feito? Nada permanente, definitivamente nada permanente. Amanhã nós nos veríamos novamente e tudo voltaria a ser do jeito que era. Isso era só uma briga. Uma briga estúpida. Esse não era o fim. Amanhã nós perceberíamos como tínhamos sido baixos e nos desculparíamos. Nós deixaríamos isso para trás. Nós faríamos as pazes.
Eu me arrastei para ficar de pé e abri a torneira da pia. Molhando uma toalha de rosto, eu a pressionei contra o meu rosto. Minha mente ainda parecia estar deslindando mais rapidamente do que um carretel de linha e eu apertei meus olhos para fecharem e fazerem o movimento parar.
Eu senti a minha raiva reacender. Por que eles não podiam nos deixar em paz? Por que eles estavam tão focados em destruir o Patch? Patch tinha me dito que ele fora o primeiro anjo caído a ganhar suas asas de volta e se tornar um anjo da guarda. Os arcanjos estavam bravos por causa disso? Eles achavam que Patch tinha enganado-os,
de algum modo? Ou que ele tinha trapaceado desde o começo? Eles queriam colocá-lo em seu devido lugar? Ou eles meramente não confiavam nele?
Eu fechei os meus olhos, sentindo uma lágrima viajar pela lateral do meu nariz.
Eu também não conseguia abandonar o meu orgulho. Ele não percebia que ele também estava tão errado quando. A razão toda por termos brigado, em primeiro lugar, era por ele ter recusado a me dizer o que ele estava fazendo na casa da Marcie ontem à noite. Eu não era do tipo ciumenta, mas ele
Havia outra coisa fazendo com que as minhas estranhas se revirassem. Patch dissera que a Marcie fora atacada no banheiro masculino da Bo's Arcade. O que a Marcie estava fazendo na Bo's? Pelo que eu sabia, ninguém da Escola Coldwater frequentava a Bo's. De fato, antes de conhecer o Patch, eu nunca tinha ouvido falar no lugar. Era uma coincidência que no dia depois de Patch olhar pela janela do quarto da Marcie, ela fosse passar pelas portas dianteiras da Bo's? Patch insistira que não havia nada além de negócios entre eles, mas o que isso ao menos queria dizer? E Marcie era muitas coisas, entre elas, sedutora e persuasiva. Não só ela não aceitava não como resposta, como não aceitava nenhuma resposta que não fosse o que ela queria.
E se, dessa vez, ela quisesse... o Patch?
Uma batida alta na porta da frente me trouxe de volta do meu
retiro.
Eu me enrolei em um amontoado de travesseiros na minha cama, fechei meus olhos, e disquei para a minha mãe. —Os Parnells estão aqui.
—Eca! Estou no sinaleiro da Walnut. Estarei aí em
—Eu mal me lembro do Scott, e eu não me lembro nenhum pouco da mãe dele. Eu vou convidar eles para entrar, mas não vou bater papo. Eu vou ficar no meu quarto até você voltar.— Eu tentei comunicar no meu tom que algo estava errado, mas não era como se eu pudesse me confidenciar com a minha mãe. Ela odiava o Patch. Ela não iria se compadecer. Eu não conseguia aguentar escutar a felicidade e o alívio em sua voz. Agora não.
Mas e quanto aos arcanjos? Eu me perguntei novamente. Como Patch e eu poderíamos ter um relacionamento normal quando eles nos observavam constantemente? Eu congelei. Eles podiam estar me observar agora mesmo. Eles podiam estar observando o Patch. Tentando ver se ele tinha cruzado a linha. Procurando por qualquer desculpa para mandá-lo para o inferno, e para longe de mim, para sempre. Eu retiro tudo, eu pensei. Eu queria ligar desesperadoramente para o Patch, mas não sabia se estaria colocando-o em algum tipo de perigo. Os arcanjos podiam ouvir as nossas conversas no telefone? Como é que o Patch e eu poderíamos ter uma conversa honesta se eles estivessem escutando? conhecia a minha história com a Marcie. Ele sabia que essa era a única vez que eu tinha que saber. dois minutos. Mande eles entrarem. —Nora.
—Ótimo! Eu falo com eles.— Eu fechei meu celular com força e o joguei do outro lado do cômodo.
Eu andei até a porta da frente devagar e abri a fechadura. O cara parado no capacho era alto e tinha boas proporções —eu conseguia afirmar isso pois sua camiseta era meio apertada e propagandeava abertamente ACADEMIA PLATINUM, PORTLAND. Uma argola prateada pendia em seu lóbulo direito, e sua calça jeans Levi's pendia perigosamente baixa nos quadris. Ele usava um boné de beisebol com uma estampa rosa havaiana que parecia recém retirada da prateleira de uma loja de roupas usadas e devia ser uma piada interna, e seu óculos de sol me lembrava o Hulk Hogan. Apesar de tudo isso, ele tinha um certo charme juvenil.
Os cantos de sua boca viraram para cima. —Você deve ser a
Nora.
—Você deve ser o Scott.
Ele deu um passo para dentro e tirou seu óculos do sol. Seus olhos escanearam o corredor que levava para a cozinha e para a sala da família. —Onde está a sua mãe?
—A caminho de casa com o jantar.
—O que nós vamos comer?
Eu não gostava dele usando a palavra —nós.— Não havia —nós —. Havia a família Grey, e a família Parnell. Duas entidades separadas que por acaso estavam dividindo a mesma mesa de jantar por uma noite.
Quando eu não respondi, ele prosseguiu. —Coldwater é um pouco menor do que eu estou acostumado.
Eu cruzei meus braços sobre o meu peito. —É também um pouco mais fria que Portland.
Ele me olhou de cima a baixo, então sorriu um tantinho. —Eu notei.— Ele deu um passo para o lado a caminho da cozinha e cutucou a porta da geladeira. —Tem cerveja?
—O quê?
A porta da frente ainda estava aberta e vozes do lado de fora eram trazidas para dentro. Minha mãe passou pela soleira, carregando duas sacolas marrons de mercearias. Uma mulher redonda com uma corte de cabelo feio estilo fadinha e com uma maquiagem rosa pesada a seguiu.
—Nora, esta é Lynn Parnell,— minha mãe disse. —Lynn, essa
é a Nora.
—Minha nossa,— a Sra. Parnell disse, unindo suas mãos. —Ela parece exatamente com você, não parece, Blythe? E olhe para essas pernas! Mais compridas que a Strip de Vegas*.
* A Strip de Las Vegas corresponde a uma seção de 6,7km da Las Vegas Boulevard, onde se localizam a maioria dos hotéis e casinos da zona de Las Vegas.
Eu falei. —Eu sei que é numa péssima hora, mas não estou me sentindo bem, então eu vou me deitar—
Eu parei devido ao olhar feio que a minha mãe lançou na minha direção. Eu dirigi meu olhar mais injustiçado de volta.
—O Scott realmente cresceu, não foi, Nora?— ela disse.
—Que observadora.
Minha mãe colocou as sacolas na bancada e se dirigiu ao Scott. —Nora e eu estávamos um tanto nostálgicas esta manhã, nos lembrando de todas as coisas que vocês dois costumavam fazer. Nora me disse que você costumava fazê-la comer tatu-bolinha**.
** no original, 'roly polies', que é tanto 'tatu-bolinha' quanto 'rocambole', como eu acabei traduzindo no 2° capítulo, então desconsiderem o 'rocambole'.
Antes que Scott pudesse se defender, eu disse, —Ele costumava fritá-los vivos sob uma lupa, e ele não
Minha mãe e a Sra. Parnell trocam um olhar rápido.
—Scott sempre foi muito persuasivo,— a Sra. Parnell disse rapidamente. —Ele pode convencer as pessoas a fazer coisas que elas nunca imaginaram fazer.
Ele
tem um dom para isso. Ele me convenceu em comprar para ele um Ford Mustang 1966, novo. É claro, ele me acertou num período bom, eu me sentia tão culpada pelo divórcio. Bom. Como eu dizia, Scott provavelmente fez os melhores tatu-bolinha fritos do quarteirão todo.
Todos olharam para mim para que eu confirmasse.
Eu não podia acreditar que estávamos discutindo isso como se fosse um tópico de conversa perfeitamente normal.
—Então,— Scott aumentou a voz, coçando seu peito. Seu bíceps flexionou quando ele fez isso, mas ele provavelmente sabia disso. — O que tem para o jantar?
—Lasanha, pão de alho, e uma salada de gelatina,— minha mãe disse com um sorriso. —Nora fez a salada.
Isso era novidade para mim. —Eu fiz?
—Você comprou as caixas de gelatina,— ela me lembrou.
—Isso não conta, na verdade.
—Nora fez a salada,— minha mãe assegurou ao Scott. Eu acho que está tudo pronto. Por que não comemos?
Uma vez sentados, nos demos as mãos e a minha mãe abençoou
a comida.
—Me conte sobre o apartamentos na vizinhança,— a Sra. Parnell disse, cortando a lasanha e deslizando o primeiro pedaço no prato de Scott. —Quanto eu posso esperar pagar por dois quartos com dois banheiros?
—Depende de quanto você quer que ela seja remodelada,— minha mãe respondeu. —Quase tudo desse lado da cidade foi construído antes de 1900, e aparenta. Assim que nos casamos, Harrison e eu procuramos por diversos apartamentos acessíveis de dois quartos, mas quase sempre havia algo errado —buracos nas paredes, problemas com baratas, ou eles não estavam perto o bastante de um parque para ser capaz de ir caminhando até um. Já que eu estava grávida, decidimos que precisávamos de um lugar maior. Essa casa estivera no mercado por dezoito meses, e conseguimos fazer um acordo que consideramos quase bom demais para ser verdade.— Ela olhou ao redor. —Harrison e eu planejamos restaurá-la por completo eventualmente, mas... bem, e então... como você sabe...— Ela curvou sua cabeça.
Scott limpou sua garganta. —Sinto muito pelo seu pai, Nora. Eu ainda lembro do meu pai me chamando na noite em que aconteceu. Eu estava trabalhando a alguns blocos de distância, na loja de conveniência. Espero que eles pequem quem quer que seja que o tenha matado.
Eu tentei dizer obrigada, mas as palavras se estilhaçaram em minha garganta. Eu não queria falar do meu pai. Os sentimentos ruins do meu término com Patch já eram suficientes para lidar. Onde ele estava agora? O arrependimento estava o consumindo? Ele tinha entendido o quanto eu queria retirar tudo o que eu disse? De repente, eu me perguntei se ele teria me enviado uma mensagem e desejei ter trazido o celular para a mesa do jantar. Mas o quanto ele poderia dizer? Os arcanjos poderiam ler suas mensagens? O quanto eles podiam ver? Eles estavam em todo lugar? Eu questionava, me sentindo completamente vulnerável.
—Nos diga, Nora.—A Sra Parnell disse. —Como é o colégio Coldwater? Scott praticava
*Um tipo de vale-tudo, muito praticado nos EUA
Eu estava me puxando vagarosamente para fora da névoa dos meus pensamentos. Nós tínhamos uma equipe de
Wrestling* em Portland. O time ganhou o Estadual os últimos três anos. A equipe daqui é boa? Eu estava certa de que tínhamos nos enfrentado antes, mas foi quando Scott me lembrou que Coldwater é Classe C. Wrestling? —Eu não sei sobre
A sra. Parnell engasgou com seu vinho. —Uma vez?— Seus olhos saltavam entre eu e minha mãe, esperando uma explicação.
—Tem uma foto do time do outro lado do escritório— continuei, —Pela foto, isso foi a mais de sessenta anos atrás.
Os olhos da Sra Parnell se arregalaram. —Sessenta anos atrás? — Ela tocou sua boca com seu guardanapo. —Tem algo de errado com o colégio? O treinador? O diretor de atletismo?
—Nenhum grande,— Scott disse. —Eu estou largando o ano.
A Sra Parnell deixou cair seu garfo com um alto chink.—Mas você ama
Scott comeu outro pedaço de lasanha e deu de ombros, indiferente. —E?— Disse através da comida em sua boca.
A Sra. Parnell plantou seus cotovelos na mesa e inclinou-se para frente. —E que você não está indo para a faculdade com suas próprias grades. Sua única esperança a essa altura é que alguma instituição de ensino o pegue em algum jogo.
—Eu tenho outras coisas que quero fazer.
As sobrancelhas dela pularam. —Ah, como repetir o do último ano?!— Logo quando ela o disse, eu vi uma faísca de medo em seus olhos. Scott mastigou duas vezes mais e engoliu duramente. —Passa a salada, Blythe?
Minha mãe passou a travessa de gelatina para a Sra Parnell, que colocou-a em frente a Scott um pouco cuidadosamente demais.
—O que aconteceu no ano passado?— minha mãe perguntou, preenchendo a tensão do silêncio.
A Sra Parnell acenou com a mão, desconsiderando. —Ah, você sabe como é isso. Scott arranjou um tantinho de problemas, coisas normais. Nada que uma mãe de um garoto adolescente não tenha visto antes.— Ela riu, mas estava fora do compasso.
—Mãe,— Scott disse num tom que soou demais como um
aviso.
—Você sabe como são os garotos,— Sra Parnell falou, gesticulando com seu garfo. —Eles não pensam. Vivem o momento. São imprudentes. Fique grata por ter uma filha, Blythe. Oh, céus. Aquele pão de alho está me dando água na boca, me passa uma fatia?
—Eu não deveria ter dito nada,— minha mãe murmurou, passando o pão. —Eu não consigo dizer o suficiente o quão felizes estamos por terem vocês de volta em Coldwater.
Senhora Parnell inclinou-se vigorosamente. —Estamos encantados por estar de volta, e tudo numa parte.
Eu parei de comer, dividindo relances entre Scott e a Sra Parnell, tentando imaginar que estava acontecendo. Garotos serão sempre
garotos, foi o tanto que eu entendi. O que eu não entendia era a insistência ansiosa da Sra Parnell em que os problemas do seu filho eram típicos.
E a supervisão intensa de cada palavra que saía da boca dela não estava ajudando a mudar minha opinião.
Pensando que tinha mais da história do que haviam contado, eu pressionei uma mão em meu coração e disse, —Por que, Scott, você não foi durante a noite roubar sinalização da estrada para pendurar no seu quarto, foi?
A sra Parnell caiu em uma genuína, quase aliviada, gargalhada. Bingo. Qualquer que seja o problema que Scott arranjara, não era algo banal como roubar sinalização de estrada. Eu não tinha cinqüenta dólares, mas se tivesse, eu apostaria tudo no palpite que o problema de Scott era qualquer coisa menos típico.
—Bem,— minha mãe disse, seu sorriso apertado nos cantos, — Tenho certeza de que o que quer que tenha acontecido ficou no passado. Coldwater é um ótimo lugar para um recomeço. Você já se matriculou para as aulas, Scott? Algumas delas se enchem bem rapidamente, especialmente as aulas de advanced placement*.
* Advanced Placement é um programa que oferece cursos de nível universitário em escolas dos Estados Unidos e do Canadá.
—Advanced placement,— Scott repetiu com um riso de deboche. —Quer dizer, AP? Sem ofensa, mas não sou tão ambicioso assim. Como a minha mãe —ele esticou a sua mão para lateral e balançou o ombro dela de um jeito que foi um tantinho bruto demais para ser amigável —
apontou tão gentilmente, se eu for para a faculdade, não será por causa das notas.
Não querendo dar uma chance a ninguém na mesa de nos afastar ainda mais do assunto dos antigos problemas do Scott, eu disse, — Ah, vamos lá, Scott. Você está
me matando. O que tem de tão mal no seu passado? Não pode ser tão horrível que você não tem vontade de contar aos seus velhos amigos.
—Nora—— minha mãe começou.
—Dirigiu bêbado algumas vezes? Roubou um carro? Deu umas voltas num carro roubado?
Sob a mesa, eu senti o pé da minha mãe descansar no alto do meu. Ela dirigiu um olhar penetrante para mim que dizia,
você?
Wrestling,— eu disse, —mas o time de Basquete foi ao Estadual uma vez. wrestling! O que deu em A cadeira de Scott arrastou-se para trás contra o chão, e ele ficou de pé. —Banheiro?— ele perguntou à minha mãe. Ele esticou seu colarinho. —Indigestão.
—No alto da escada.— Sua voz estava pesarosa. Ela realmente estava se desculpando pelo meu comportamento, quando fora ela que organizou toda essa noite ridícula. Qualquer um com uma partícula de percepção podia perceber que a razão desse jantar não era partilhar uma refeição com antigos amigos de família. Vee estava certa sobre isso ser um 'conheça o bonitinho'. Bem, eu tinha algo a dizer à minha mãe. Scott e eu? Nada feito.
Após Scott pedir licença, a Sra. Parnell sorriu amplamente, como se para apagar os últimos cinco minutos e recomeçar. —Então me diga,— ela disse um pouquinho animada demais, —a Nora tem namorado?
—Não,— eu disse ao mesmo tempo que minha mãe disse, — Mais ou menos.
—Isso é confuso,— a Sra. Parnell disse, mordiscando uma garfada de lasanha e olhando entre a minha mãe e eu.
—O nome dele é Patch,— minha mãe disse.
—Nome estranho,— a Sra. Parnell meditou. —O que os pais dele estavam pensando?
—É um apelido,— minha mãe explicou. —Patch se mete em muitas brigas. Ele sempre precisa ser remendado*.
* patched up, no original, um trocadilho com 'Patch'.
De repente eu me arrependi de explicar à ela que Patch era o apelido dele.
A Sra. Parnell balançou sua cabeça. —Acho que é um nome de gangue. Todas as gangues usam apelidos. Slasher, Slayer, Maimer, Mauler, Reaper. Patch.
—Patch não está numa gangue.
Eu girei meus olhos.
—Isso é o que você pensa,— a Sra. Parnell disse. —Gangues são para criminosos de áreas pobres, certo? São baratas que só saem à noite. —Ela ficou silenciosa, e eu achei ter visto seus olhos relampejarem para a cadeira vazia de Scott. —Os tempos estão mudando. Há algumas semanas eu assisti um episódio de
—Seu marido é um policial?— eu perguntei.
—Ex-marido, e que ele apodreça.
Law & Order sobre uma nova raça de gangues ricas suburbanas. Eles chamavam-nas de sociedades secretas, ou sociedades de sangue, ou alguma bobagem assim, mas dá tudo na mesma. Achei que fosse aquele típico lixo sensacionalista hollywoodiano, mas o pai do Scott disse que ele vê cada vez mais dessas coisas o tempo todo. E ele saberia — sendo policial e tudo. Já chega.
Eu estava bem certa de que ele tinha falado com os meus... pensamentos. Não. Não com os meus pensamentos. Com os da mãe dele. E de alguma forma eu escutei.
Sra Parnell virou suas palmas para cima. —Tudo o que eu disse não é a alma dele —Eu não estou remoendo, é exatamente como eu me sinto.
—Eu disse para parar de falar.— A voz de Scott era quieta,
delével.
Minha mãe girou, como se apenas agora percebesse que Scott tinha voltado à sala. Eu pisquei, desacreditada. Eu não poderia realmente ter escutado ele falando com os pensamentos de sua mãe. Quer dizer, Scott era um humano... Não era?
—É assim que você fala com sua própria mãe?— Sra Parnell disse, balançando seu dedo para ele. Mas eu poderia dizer que isso era mais para o nosso benefício do que qualquer fim de pôr Scott em seu devido lugar.
Seu olhar frio ficou fixado nela por uns instantes, então ele foi à porta da frente e a bateu em suas costas.
A Sra Parnell limpou sua boca, deixando o batom rosa no guardanapo. —O lado desagradável do divórcio.— Ela deu um longo e complicado suspiro. —Scott nunca foi de ter temperamento. Com certeza, pode ser que ele esteja crescendo para ser bem filho de seu pai. Bem. Isso é desagradável e desapropriado para um jantar. O Patch pratica
—Ele pratica Pool.— Eu disse, minha voz desinspirada; Eu não tinha vontade nenhuma de falar sobre o Patch. Não aqui, não agora. Não quando o sujeito deste nome me causava uma pedra a crescer na minha garganta. Mais que nunca, eu desejei que tivesse trazido meu celular para baixo. Eu não estava me sentindo tão irritada, então Patch provavelmete já tinha esfriado também. Ele já tinha me perdoado o suficiente pra me enviar uma mensagem ou me ligar? Tudo tinha sido um mal entendido, mas tinha que haver um jeito de contornar isso. Isso não era tão ruim quanto parecia. Nós encontraríamos um jeito de trabalhar isso.
A Sra. Parnell assentiu. —Polo. Esse sim é um verdadeiro esporte de Maine.
—Pool, que significa
A Sra. Parnell inclinou sua cabeça como se não tivesse certa de ter ouvido direito. —Estufas de atividades de gangue,— ela finalmente disse. —O episódio de
—Ele não está numa gangue,— eu repeti pelo que pareceu ser a milionésima vez, me esforçando para manter um tom cordial. Mas assim que eu disse isso, eu percebi que não havia jeito de ter certeza de que Patch nunca fizera parte de uma gangue. Um grupo de anjos caídos contava como sendo uma gangue? Eu não sabia muito sobre o seu passado, particularmente antes de ele ter me conhecido...
—Veremos,— a Sra. Parnell disse, duvidosa. —Veremos.
Uma hora mais tarde, a comida tinha acabado, os pratos tinham sido lavados, a Sra. Parnell finalmente fora embora para caçar o Scott, e eu me retirei para o meu quarto. Meu celular estava virado para cima no chão, mostrando que eu não tinha mensagens de texto novas, nem mensagens de voz, e nem chamadas perdidas.
Meu lábio tremeu, e eu enfiei a parte debaixo das minhas mãos nos meus olhos para parar as lágrimas que começavam a desfocar a minha visão. Para me impedir de me concentrar em todas as coisas horríveis que eu dissera ao Patch, eu tentei bolar, na minha mente, uma maneira de reparar tudo. Os arcanjos não podiam nos proibir de nos falarmos ou vermos um ao outro —não quando Patch era meu anjo da guarda. Ele tinha que ficar na minha vida. Nós continuaríamos fazendo o que sempre fizemos. Em alguns dias, após termos deixado a nossa primeira briga de verdade passar, as coisas voltariam ao normal. E quem ligava para o meu futuro? Eu podia resolver tudo mais tarde. Não era como se eu tivesse que ter a minha vida toda planejada agora neste instante.
Mas havia uma coisa que simplesmente não estava fazendo sentido. Patch e eu tínhamos passado os dois últimos meses mostrando abertamente o nosso afeto, sem nenhuma reserva. Então por que ele só estava demonstrando preocupação com os arcanjos agora?
Minha mãe enfiou sua cabeça dentro do meu quarto. —Eu vou comprar alguns itens de higiene para a minha viagem de amanhã. Eu devo voltar logo. Precisa de alguma coisa enquanto estou fora?
Eu notei que ela não expressou que o Scott podia ser um namorado em potencial. Aparentemente, o passado incerto dele tinha murchado as urgências de casamenteira dela. —Não precisa, mas obrigada de qualquer jeito.
Ela começou a fechar a porta, então parou. —Nós meio que temos um problema. Eu deixei escapulir para Lynn que você não tem um carro. Ela voluntariou o Scott para te levar para a escola de verão. Eu disse à ela que isso realmente não seria necessário, mas eu acho que ela pensou que eu só estava dizendo não por estar preocupada em incomodar o Scott. Ela disse que você poderia lhe retribuir o favor ao fazer um passeio por Coldwater com ele amanhã.
—A Vee me dá carona para a escola.
—Eu deixei isso claro, mas ela não aceita não como resposta. Pode ser melhor se você explicar as coisas diretamente para o Scott. Agradeça-o pela oferta, mas diga a ele que você já tem carona.
Bem o que eu queria. Mais interação com o Scott.
—Eu gostaria que continuasse andando com a Vee,— ela acrescentou lentamente. —De fato, se o Scott aparecer enquanto eu estiver fora da cidade essa semana, talvez seja melhor ficar longe.
—Você não confia nele?
—Nós não o conhecemos bem o bastante,— ela disse cuidadosamente.
—Mas o Scott e eu costumávamos ser melhores amigos, se
lembra?
Ela olhou para mim de modo enfático. —Isso foi há muito tempo. As coisas mudam.
Exatamente o que eu quiz dizer.
--Eu simplesmente gostria de conhecer melhor esse Scott,antes de voce ficar sozinha com ele.-Continuou-Quando eu voltar,eu vejo o que consigo descobrir.
Bem essa era uma reviravolta inesperada: --Voce vai caçar os podres dele?
—Lynn e eu somos boas amigas. Ela está muito estressada. Ela pode precisar de alguém com quem se confidenciar.— Ela deu um passo em direção à minha penteadeira, colocou um salpico do meu creme de mão em sua palma, e esfregou suas mãos juntas. —Se ela mencionar o Scott, eu não vou
—Se te ajuda a construir a sua hipótese de que ele não presta,eu achei que ele agiu muito estranho no jantar.
--Os pais estao se divorciando. -ela disse naquele tom cuidadosso. -Tenho certeza que ele esta passando por um tumulto e tanto.É dificil perder um pai.
Nem me fale.
—O leilão acaba quarta à tarde, e eu devo voltar para casa na hora do jantar. A Vee vai ficar aqui amanhã à noite, certo?
—Certo,— eu disse, só agora me lembrando que eu ainda precisava ver isso com a Vee, mas eu não podia imaginar isso sendo um problema. —A propósito, estou pensando em arranjar um emprego.— Melhor deixar isso escapar logo, já que, com sorte, eu esperava ter um emprego antes de ela voltar para casa.
Minha mãe pestanejou. —De onde isso surgiu?
—Eu preciso de um carro.
—Eu achei que a Vee não tinha problema em te dar carona.
—Eu me sinto como uma parasita.— Eu não podia nem mesmo correr para a loja para comprar absorventes sem ligar para a Vee. Pior, eu tinha chegado
—Você não acha que um trabalho vai interferir com a escola?— a minha mãe perguntou, seu tom me dizendo que ela não estava louca pela ideia. Não que eu esperasse que ela estivesse.
—Eu só estou tendo uma aula.
—Sim, mas é química.
—Sem ofensa, mas acho que consigo dar conta de duas coisas de uma só vez.
Com isso, ela sentou na beirada da minha cama. —Qual o problema? Você está terrivelmente arisca hoje à noite.
Eu levei um segundo extra para responder, chegando bem perto de lhe contar a verdade. —Nada. Estou bem.
—Você parece estressada.
—Dia longo. Ah, e mencionei que a Marcie Millar é minha parceira de química?
Eu podia afirmar, pela expressão dela, que ela sabia o quanto isso machucava. Afinal, eu corria para a minha mãe na maioria das vezes nos onze anos em que Marcie mexera comigo. E era a minha mãe que catava os pedaços, me colava de novo, e me mandava de volta para a escola mais forte e mais sábia e armada com alguns truques próprios.
—Estou presa com ela por oito semanas.
—Te digo uma coisa, se você sobreviver a oito semanas sem matá-la, nós podemos conversar sobre te comprar um carro.
—Esse é um preço baixo a se pagar, mãe.
Ela beijou a minha testa. —Espero um relatório completo dos primeiros dias quando eu voltar da minha viagem. Nada de festas selvagens enquanto eu estiver fora.
—Não prometo nada.
Cinco minutos mais tarde, minha mãe desceu seu Taurus pela garagem. Eu deixei a cortina voltar para o lugar, me encolhi no sofá, e encarei meu celular.
Mas nenhuma ligação chegou.
Eu estiquei a mão para pegar o colar do Patch, ainda amarrado ao redor do meu pescoço, e o apertei mais forte do que eu esperava. Eu fiquei assolada pelo pensamento horrível de que isso podia ser tudo que me sobrara dele.
muito perto de pegar uma carona para a escola hoje com a Marcie Millar. Eu não queria fazer exigências desnecessárias para a minha mãe, especialmente quando o dinheiro estava tão curto, mas eu não queria uma repetição de hoje de manhã, tampouco. Eu estivera sonhando com um carro desde que a minha mãe vendera o meu Fiat, e vendo o Cabriolet esta tarde me fizera entrar em ação. Eu mesma pagar pelo carro parecia um acordo bom.
não escutar.
wrestling, Nora? Eu creio que o Scott possa-lhe ensinar alguns golpes. sinuca,— minha mãe corrigiu, soando um pouco abatida. Law & Order que eu vi? Jovens homens ricos de classe alta que organizavam seus jogos de sinucas como se estivessem num cassino de Las Vegas. É melhor ficar bem de olho nesse seu Patch, Nora. Ele poderia ter um lado que esconde as coisas de você. Um lado que ele mantém no escuro.
A voz do Scott foi trazida do corredor escuro, e eu pulei. Eu estava prestes a me perguntar se ele tinha ido mesmo no banheiro, ou se ele tinha ficado simplesmente parado do lado de fora da sala de jantar, escutando a conversa, quando me dei conta que eu não achei que ele tinha falado em voz alta. De fato—
Não. tentava me fazer comê-los. Ele se sentava em cima de mim e eu apertava meu nariz até ficar sem ar e ter que abrir a minha boca. Então ele jogava eles dentro.

Capitulo 2 de Crescendo

Pelos últimos onze segundos, eu estivera deitada com o rosto virado para baixo, abraçando meu travesseiro sobre a minha cabeça, tentando calar as notícias sobre o trânsito no centro de Portland ditas por Chuck Delaney, que estavam saindo pelo meu despertador altas e claras. Igualmente, eu estava tentando calar a parte lógica do meu cérebro, que gritava para que eu me vestisse, prometendo repercussões se eu não fizesse isso. Mas a parte do meu cérebro que buscava o prazer ganhou. Ela unia-se ao meu sonho —ou, melhor, ao assunto do meu sonho. Ele tinha cabelo preto ondulado e um sorriso matador. Neste instante, ele estava sentado de costas em sua moto e eu estava sentada virada para frente, nossos joelhos tocando. Eu curvei meus dedos em sua camiseta e o puxei para um beijo.
No meu sonho, Patch sentia quando eu o beijava. Não só num nível emocional, mas um toque real e físico. No meu sonho, ele se tornava mais humano que anjo. Anjos não conseguem sentir sensações físicas —eu sabia disso —mas no meu sonho, eu queria que Patch sentisse a pressão suave e sedosa de nossos lábios se conectando. Eu queria que ele sentisse os meus dedos passando pelo cabelo dele. Eu precisava que ele sentisse a adrenalina e o campo magnético inquestionável que puxava cada molécula do corpo dele em direção ao meu.
Exatamente como eu sentia.
Patch correu seu dedo sob a corrente de prata no meu pescoço, seu toque mandando ondas de calafrios de prazer por mim. —Eu te amo,— ele murmurou.
Firmando as pontas dos meus dedos em seu abdômen duro, eu me inclinei, parando ao quase beijá-lo.
Só que as palavras não saíram. Elas ficaram presas na minha
garganta.
Enquanto Patch esperava que eu respondesse, seu sorriso
vacilou.
Eu te amo mais, eu disse, roçando sua boca enquanto eu falava. Eu te amo,
A expressão de Patch ficou impaciente. —Eu te amo, Nora,—
ele repetiu.
Eu assenti freneticamente, mas ele se virara. Ele saiu da moto e foi embora sem olhar para trás.
eu tentei novamente. Mais uma vez, as palavras permaneceram presas dentro. Eu te amo!
Patch estava escapulindo para o meio de uma multidão. A noite havia caído ao nosso redor num estalar de dedos, e eu mal conseguia distinguir sua camiseta preta das outras centenas de camisetas escuras nas massas. Eu corri para acompanhá-lo, mas quando agarrei seu braço, foi outra pessoa que se virou. Uma garota. Era tarde demais para dar uma boa olhada em seus traços, mas eu podia afirmar que ela era linda.
—Eu amo o Patch,— ela me disse, sorrindo com seu batom vermelho berrante. —E não tenho medo de dizer.
—Mas eu disse!— eu debati. —Na noite passada eu disse a ele!
Eu empurrei-a para passar, os olhos escaneando a multidão até eu captar um vislumbre do boné azul característico do Patch. Eu saí empurrando freneticamente o caminho todo até ele e estiquei a mão para pegar na dele.
Ele se virou, mas ele tinha mudado para a mesma linda garota. —Você chegou tarde demais,— ela disse. —Eu amo o Patch agora.
—E agora a previsão do tempo, com Angie,— Chuck Delaney tagarelou animadamente no meu ouvido.
Meus olhos se abriram com as palavras —previsão do tempo.— Eu fiquei deitada na cama por um instante, tentando me livrar do que nada mais era que um pesadelo, e me situando. A previsão do tempo era anunciada faltando vinte minutos pro horário, e não havia possibilidade de eu estar ouvindo a previsão, a não ser que...
Escola de verão! Eu tinha dormido demais!
Chutando as cobertas, eu corri para o guarda-roupa. Enfiando meus pés na mesma calça jeans que eu tinha jogado no pé do guarda-roupa noite passada, eu enfiei uma regata branca sobre a minha cabeça e a sobrepus com um cardigã lavanda. Eu liguei para Patch, mas três toques depois eu caí na caixa postal. —Me liga!— eu disse, pausando por meio segundo para me perguntar se ele estava me evitando depois da grande confissão de ontem à noite. Eu botei na minha cabeça que devia fingir que isso nunca tinha acontecido até que o efeito passasse e as coisas voltassem ao normal, mas após o sonho de hoje de manhã, eu estava começando a duvidar que esqueceria isso tão facilmente. Talvez Patch estivesse tanto dificuldade quanto eu em deixar isso pra lá. De qualquer jeito, não havia muito que eu pudesse fazer sobre isso agora. Mesmo eu podendo jurar que ele tinha me prometido uma carona...
Eu empurrei uma tiara no meu cabelo para fazer de penteado, peguei minha mochila da bancada da cozinha, e me apressei porta afora. Eu parei na entrada de carros por tempo o bastante para dar um grito de exasperação para a laje de cimento de 2,5m
por 3m onde meu Fiat Spider 1979 costumava parar. Minha mãe vendera meu Spider para pagar uma dívida de três meses da conta de eletricidade, e para estocar a nossa geladeira com alimentos o suficiente para nos alimentar pelo mês. Ela até mesmo dispensara a nossa governanta, Dorothea, também conhecida como minha mãe substituta, para cortar as despesas. Enviando um pensamento odioso em direção à causa dessa circunstância, eu deslizei minha mochila pelo meu ombro e comecei a correr. A maioria das pessoas a casa da fazenda rural de Maine em que minha mãe e eu vivemos como sendo singular, mas a verdade é que não há nada singular na corrida de 1,5km até o vizinho mais próximo. E a não ser que singular seja um sinônimo para uma casa caída e fria do século XVIII situada no centro de uma inversão atmosférica que suga toda a névoa daqui até o litoral, eu discordo.
Na esquina da Hawthorne com a Beech, eu vejo sinais de vida enquanto carros movem-se rapidamente em sua viagem matinal até o trabalho. Com uma mão eu apontei meu dedão para o ar e com a outra eu desembrulhei um pedaço de chiclete que refresca o hálito e substitui a pasta de dentes. não tinha carro. Não que eu fosse admitir isso para Marcie.
Um 4Runner vermelho da Toyota freiou na esquina, e a janela do passageiro se abaixou com um zunido automático. Marcie Millar estava sentada atrás do volante. —Problemas com o carro?— ela perguntou.
Problema com o carro sim, já que
—Precisa de uma carona?— ela reformulou impaciente quando eu não respondi.
Eu não conseguia acreditar que de todos os carros passando por este pedaço da estrada, fora o da Marcie quem parara. Eu queria andar de carro com a Marcie? Não. Eu ainda estava chateada pelo que ela tinha dito sobre o meu pai? Sim. Eu estava prestes a perdoá-la? Absolutamente não. Eu teria gesticulado para que ela
continuasse dirigindo, mas havia um pequeno empecilho. Havia boatos de que a única coisa que o Sr. Loucks gostava mais do que a tabela periódica dos elementos era distribuir passes para a detenção para estudantes atrasados.
—Obrigada,— eu aceitei relutante. —Estou indo para escola.
—Parece que sua amiga gorda não pode te dar uma carona.
Eu congelei com a minha mão na maçaneta da porta. Vee e eu tínhamos desistido há muito de educar pessoas de mente estreita que — gorda— e —curvilínea— não são a mesma coisa, mas isso não queria dizer que tolerávamos ignorância. E eu teria pedido alegremente à Vee uma carona, mas ela fora convidada para atender uma reunião de treinamento para os editores promissores do eZine da escola e já estava lá.
—Pensando bem, vou andar.— Eu empurrei a porta de Marcie, colocando-a de volta em sua posição.
Marcie tentou um olhar confuso. —Você está ofendida por eu ter chamado ela de gorda? Porque é verdade. Qual o seu problema? Eu sinto como tudo que eu digo tem que ser censurado. Primeiro o seu pai, agora isso. O que aconteceu com a liberdade de expressão?
Por uma fração de segundo eu achei que seria bom e conveniente se eu ainda tivesse o Spider. Não só eu não estaria desamparada sem carona, como eu poderia ter o prazer de passar por cima da Marcie. O estacionamento da escola era caótica depois das aulas. Acidentes aconteciam.
Já que eu não podia dar uma pancada forte em Marcie com o meu para-choque, eu optei pela segunda melhor opção. —Se o meu pai fosse dono da revenda de Toyotas, acho que eu teria pelo menos uma consciência ambiental de pedir por um híbrido.
—Bom, o seu pai não é dono da revenda de Toyotas.
—Isso mesmo. Meu pai está morto.
Ela levantou um ombro. —Você que disse, não eu.
—De agora em diante, acho que é melhor se ficarmos fora do caminho uma da outra.
Ela examinou suas unhas. —Ótimo.
—Beleza.
—Só estava tentando ser legal, e olha no que deu,— ela disse
baixinho.
—Legal? Você chamou a Vee de gorda.
—Eu também te ofereci uma carona.— Ela pisou no acelerador, seus pneus cuspindo poeira de estrada, que flutuaram na minha direção. Eu não acordara esta manhã procurando por outra razão para odiar Marcie Millar, mas consegui.
A Escola Coldwater fora erguida no fim do século XIX, e a construção era uma mistura eclética de gótico com vitoriano que parecia mais uma catedral do que um lugar acadêmico. As janelas eram estreitas e abobadadas, o vidro chumbado. As pedras eram multicoloridas, mas em sua maioria cinzas. No verão, hera espalhava-se pelo exterior e dava à escola um certo charme da Nova Inglaterra. No inverno, a hera lembrava dedos esqueléticos longos enforcando o prédio.
Eu estava meio andando rápido, meio correndo pelo corredor até a sala de química quando meu celular tocou no meu bolso.
—Mãe?— eu respondi, não diminuindo meu passo. —Posso te ligar de vol—
—Você nunca vai acreditar em quem eu esbarrei ontem! Lynn Parnell. Você se lembra dos Parnells, não? A mãe do Scott.
Eu espiei o relógio no meu celular. Eu tivera sorte o bastante de pegar carona até a escola com uma completa estranha —uma mulher a caminho da aula de kickboxing na academia —mas eu ainda estava escapando por pouco. Menos de dois minutos até o sinal avisando que eu estava atrasada. —Mãe? A aula está prestes a começar. Posso te ligar na hora do almoço?
—Você e o Scott eram tão bons amigos.
Ela atiçara uma memória antiga. —Quando tínhamos
—Eu tomei uns drinques com a Lynn noite passada. Ela acabou de finalizar seu divórcio, e ela e Scott estão voltando para Coldwater.
—Isso é ótimo. Eu te ligo—
—Eu convidei-os para jantar hoje à noite.
Enquanto passava pelo escritório da diretora, o ponteiro dos minutos no relógio acima da porta dela andou para o traço seguinte. De onde eu estava, parecia preso entre 7:59 e oito em ponto. Eu apontei um olhar ameaçador para ele que dizia
—Não seja boba!— minha mãe cortou. —Scott é um dos seus amigos mais antigos no mundo. Você o conhecia muito antes do Patch.
—Scott costumava me forçar a comer rocambole,— eu disse, minha memória começando a surgir.
—E você nunca o forçou a brincar de Barbie?
—Totalmente diferente!
—Hoje à noite, sete horas,— minha mãe disse numa voz que calava toda a discussão.
Eu me apressei para a aula de química com segundos faltando e deslizei num banquinho de metal atrás de uma mesa de laboratório feita de granito preto, na primeira fileira. Sentavam-se dois por mesa, e fiquei com os dedos cruzados para ficar de dupla com alguém cujo conhecimento de ciência superasse o meu, o que, dado o meu nível, não era difícil de acontecer. Eu tendia a ser mais romântica do que realista, e escolhia a fé cega invés da lógica fria. O que colocava eu e a ciência em desvantagem desde o começo.
Marcie Millar entrou vagarosamente na sala usando salta alto, calça jeans e uma blusa de seda da Banana Republic que eu tinha na minha lista de desejo para a volta às aulas. No dia do trabalho, a blusa estaria na prateleira de liquidação e na minha faixa de preço. Eu estava no meio do processo de retirar mentalmente essa blusa da minha lista quando Marcie se assentou no banquinho ao meu lado.
—Qual o problema com o seu cabelo?— ela disse. —O mousse acabou? A paciência?— Um sorriso levantou um lado de sua boca. —Ou foi por que teve que correr 6,5km para chegar aqui a tempo?
—O que aconteceu com ficarmos fora do caminho uma da outra?— eu dei uma olhada incisiva para seu banquinho, então para o meu, comunicando que 60 centímetros não era 'ficar fora do caminho'.
—Preciso de algo de você.
Eu exalei silenciosamente, estabilizando minha pressão sanguínea. Eu deveria saber. —É o seguinte, Marcie,— eu disse. —Ambas sabemos que essa aula vai ser insanamente difícil. Deixe-me lhe fazer um favor e te alertar que ciência é a minha pior matéria. A única razão para eu estar na escola de verão é que ouvi dizer que química é mais fácil este semestre. Você não me quer como parceira. Não será fácil conseguir um 10.
—Pareço que estou sentada do seu lado pelo bem da minha média?— ela disse com uma movimento impaciente em seu punho. — Preciso de você para outra coisa. Semana passada consegui um trabalho.
Marcie? Um trabalho?
Ela deu um sorriso forçado, e eu só consegui imaginar que ela havia adivinhado meus pensamentos diretamente pela minha expressão. — Eu arquivo no escritório principal. Um dos vendedores do meu pai é casado com a secretária do escritório principal. Nunca machuca ter conexões. Não que você fosse saber algo sobre isso.
Eu sabia que o pai da Marcie era influente na Coldwater. De fato, ele doava tanto que podia opinar em todas as posições de treinador na escola, mas isso era ridículo.
—De vez em quando, um arquivo cai aberto e eu não consigo evitar ver umas coisas,— Marcie disse.
É, até parece.
—Por exemplo, eu sei que você ainda não superou a morte do seu pai. Você está se estava preocupada com a noite passada. Patch fora embora abruptamente, alegando que tinha um negócio que precisava fazer, mas eu estava tendo Como que o Patch entrou para a escola? Você parece chateada, Nora. Estou na pista certa?— Um sorriso de prazer surpreso começou a nascer em seu rosto. —Eu estou, não estou? Há algo mais aí. —Saia,
O sinal cortou-nos, e quando o som agudo dele morreu, tanto Marcie quanto eu parecemos perceber que a sala tinha ficado silenciosa. Nós olhamos ao redor, e percebi, com uma acidez no estômago, que todos os outros assentos na sala estavam tomados.
O Sr. Loucks se posicionou no corredor à minha direita, balançando uma folha de papel.
—Estou segurando um mapa de assentos vazio,— ele disse. — Cada um dos retângulos corresponde a uma mesa na sala. Escreva seu nome no retângulo apropriado e passe adiante.— Ele bateu o mapa na nossa frente. —Espero que gostem de seus parceiros,— ele nos disse. —Ficarão oito semanas com eles.
Ao meio-dia, quando as aulas acabavam, eu peguei carona com a Vee até o Bistrô Enzo, nosso lugar favorito para comprar cafés mocha gelados ou leite vaporizado, dependendo da estação. Eu senti o sol cozinhar meu rosto enquanto cruzávamos o estacionamento, e foi quando o vi. Um
Volkswagen Cabriolet conversível branco com uma placa de venda grudada na janela: $1.000,80.
--Voce esta babando. -disse Vee levantando com o dedo meu queixo.
--Voce por acaso nao tem mil dolares para me emprestar,tem?
—Não tenho
Eu dei um suspiro de anseio na direção do Cabriolet. —Eu preciso de dinheiro. Eu preciso de um emprego.— Eu fecho meus olhos, me imaginando por trás do volante do Cabriolet, com o teto abaixado, o vento farfalhando meu cabelo encaracolado. Com o Cabriolet, eu nunca teria que pedir carona de novo. Eu seria livre para ir onde eu quisesse, quando eu quisesse.
—É, mas ter um emprego significa que você realmente teria que trabalhar. Quero dizer, tem certeza que quer gastar o verão todo trabalhando por um salário mínimo? Você pode, sei lá, se exaurir ou algo assim.
Eu caço na minha mochila um pedaço de papel e rabisco o número listado na placa. Talvez eu pudesse convencer o dono a diminuir uns duzentos dólares. Enquanto isso, eu acrescentei à minha lista de afazeres da tarde procurar nos classificados por um emprego de meio- período. Um emprego significava um tempo longe de Patch, mas também significava transporte particular. Por mais que eu amasse Patch, ele sempre parecia estar ocupado... fazendo alguma coisa. O que não o tornava confiável quando se tratava de caronas.
dentro do bistro,Vee e eu,pedimos cafe mocha gelados,e saladas apimentadas de noz-peça.
e sentamos em uma mesa com nossa comida.
Pela ultimas,diversas semanas o Enzo passou por reformas fazendo-o chegar ao seculo XXI,e agora tinha sua propria lan-house.Dado o fato de meu computar ter 6 anos,e eu estar completamente animada com isso.
—Não sei quanto a você, mas estou pronta para as férias,— Vee disse, empurrando seu óculos de sol para o alto de sua cabeça. —Mais oito semanas de espanhol. São mais dias do que eu quero pensar. Precisamos é de uma distração. Precisamos de algo que tirará nossas mentes desse período sem fim de educação de qualidade estirado à nossa frente. Precisamos fazer compras. Portland, aqui vamos nós.A Macy's está tendo uma grande liquidação. Eu preciso de sapatos, eu preciso de vestidos, e eu preciso de um perfume novo.
Você acabou de comprar roupas novas. No valor de duzentos dólares. Sua mãe vai ter uma hemorragia quando receber a conta do MasterCard dela.
—É, mas eu preciso de um namorado. E para conseguir um namorado, você tem que ficar bonita. Não dói ser cheirosa também.
Eu mordo uma pêra cortada em cubos do meu garfo. —Tem alguém em tão gostoso. Sério, o resto do meu dia é um fracasso. Ou Portland ou cai fora, é o que eu digo.
mente?
—De fato, tenho sim.
—Só me prometa que não é Scott Parnell. —Scott quem?
Eu sorri. —Viu? Agora estou feliz.
—Eu não conheço nenhum Scott Parnell, mas o cara em quem estou de olho por um acaso é gostoso. Gostoso do tipo acima da média. Gostoso do tipo mais-gostoso-que-o-Patch.— Ela fez uma pausa. —Bem, talvez não tão gostoso assim. Ninguém é
Eu abri a minha boca, mas Vee foi mais rápida.
—Uh-oh,— ela disse. —Eu conheço esse olhar. Você vai me dizer que já tem planos.
—Voltando para Scott Parnell. Ele costumava morar aqui quando tínhamos cinco anos.
Vee parecia estar procurando em sua memória de longo prazo.
—Ele molhava sua calça bastante,— eu ofereci de modo
auxiliador.
Os olhos de Vee se acenderam. —Scotty, o Mijão? —Ele está voltando para Coldwater. Minha mãe o convidou para jantar hoje à noite.
—Estou vendo onde isso vai dar,— Vee disse, assentindo sabiamente. —Isso é o que chamamos de 'conheça o bonitinho.' É quando as vidas de dois parceiros românticos em potencial se cruzam. Lembra quando a Desi entrou sem querer no banheiro masculino e pegou o Ernesto no urinol?
Eu parei com meu garfo na metade do caminho entre meu prato e a minha boca. —O quê?
—Em
—Não, ela não quer. Ela sabe que estou com o Patch.
—Só porque ela sabe, não quer dizer que ela está feliz com isso. Sua mãe vai gastar bastante tempo e energia transformando essa equação de Nora mais Patch igual amor, para Nora mais Scotty igual amor. E que tal isso? Talvez Scotty, o Mijão se transformou em Scotty, o Gostosão. Você já pensou nisso?
Eu não tinha, e não ia pensar, também. Eu tinha o Patch, e eu estava perfeitamente feliz em continuar assim.
—Podemos falar sobre algo ligeiramente mais O que você sabe?
urgente?— eu perguntei, achando que estava na hora de mudar de assunto antes que o nosso atual desse à Vee ideias ainda mais loucas. —Como o fato de que a minha nova parceira de química é a Marcie Millar?
—Que vadia.
—Aparentemente, ela está arquivando no escritório principal, e ela olhou no arquivo do Patch.
—Ainda está vazio?
—Parece que sim, já que ela quer que eu conte à ela tudo que eu sei sobre ele.— Incluindo o porque dele estar parado em sua garagem na noite passada, olhando para a janela de seu quarto. Uma vez eu ouvira um boato de que Marcie segurava uma raquete de tênis em sua janela quando ela estava aberta a pagamentos para certos —serviços,— mas eu não ia pensar nisso. Os boatos eram 90 por cento fictícios, não?
Vee inclinou-se para perto. —
Nossa conversa declinou para um silêncio desconfortável. Eu não acreditava em segredos entre melhores amigas. Mas há segredos... e há verdades duras.
Verdades assustadoras. Verdades inimagináveis. Tendo uma namorado que é um anjo caído transformado em anjo da guarda se encaixa em todas as categorias acima.
—Você está escondendo algo de mim.
—Não estou.
—Está sim.
Um longo silêncio.
—Eu tão engraçado assim? Eu tinha feito algo ainda mais estúpido do que eu já achava ter feito? Patch te arrumou um encontro às escuras?
disse ao Patch que o amava.
Vee cobriu sua boca, mas eu não conseguia dizer se ela estava sufocando um ofegar ou uma risada. O que só me fazia sentir mais insegura. Isso era
—O que ele disse?— Vee perguntou.
Eu mal olhei para ela.
—Tão ruim assim?— ela perguntou.
Eu limpei minha garganta. —Me conta sobre esse cara de quem você está atrás. Quero dizer, essa é uma paixonite a distância, ou você já falou com ele?
Vee entendeu a dica. —Falar com ele? Eu comi cachorro quente com ele no Skippy ontem no almoço. Foi um desses negócios de encontro às escuras, e foi melhor do que eu esperava. Muito melhor. Pra sua informação, você saberia disso tudo se tivesse retornado as minhas ligações ao invés de ficar se pegando com o seu namorado sem parar.
—Vee, eu sou a sua única amiga, e não fui eu quem te arrumou
ele.
—Eu sei. Foi o seu namorado.
Eu engasguei numa bola de queijo gorgonzola. —
—É, e daí?— Vee disse, seu tom indo à direção do defensivo.
Eu sorri. —Achei que você não confiava no Patch.
—Não confio.
—Mas?
—Eu tentei te ligar para vetar o meu encontro primeiro, mas repetindo, você nunca mais retorna as minhas ligações.
—Missão cumprida. Eu me sinto como a pior amiga do mundo. — Eu lhe mandei um sorriso conspiratório. —Agora me conta o resto.
O tom de resistência de Vee caiu, e ela imitou meu sorriso. —O nome dele é Rixon, e ele é irlandês. O sotaque irlandês dele me mata. Sexy ao máximo. Ele é um tanto magricela, considerando que eu sou robusta, mas estou planejando perder nove quilos esse verão, então tudo deve ficar balanceado até agosto.
—Rixon? Não brinca! Eu amo o Rixon!— De praxe, eu não confiava em anjos caídos, mas Rixon era uma exceção. Como Patch, seus limites morais estavam puxados para a área cinzenta entre o preto e o branco. Ele não era perfeito, mas ele não era de todo mal, tampouco. Eu sorri, apontando meu garfo para a Vee. —Não acredito que você saiu com ele. Quero dizer, ele é o melhor amigo do Patch. Você odeia o Patch.
Vee lançou à ela seu olhar de gata negra, seu cabelo praticamente eriçando. —Melhores amigos não querem dizer nada. Olha para você e para mim. Não somos nada parecidas.
—Isso é ótimo. Nós quatro podemos sair o verão todo.
—Uh-uh. De jeito nenhum. Eu não vou sair com o maluco do seu namorado. Eu não ligo para o que você me disse, eu ainda acho que ele teve algo a ver com a morte misteriosa do Jules no ginásio.
Uma nuvem escura caiu na conversa. Houvera apenas três pessoas no ginásio na noite que Jules morreu, e eu era uma delas. Eu nunca disse à Vee tudo que acontecera, só o bastante para fazê-la parar de me pressionar, e para sua própria segurança, eu planejava continuar assim.
Vee e eu passamos o dia dirigindo, pegando fichas de solicitação de emprego de lanchonetes de fast-food locais, e eram quase seis e meia quando cheguei em casa. Eu deixei minhas chaves caírem bancada e chequei as mensagens da secretária eletrônica. Havia uma da minha mãe. Ela estava no Mercado Michaud comprando pão de alho, lasanha pronta, e vinho barato, e jurou de pés juntos que chegaria antes que os Parnells em casa.
Eu deletei a mensagem e subi escada acima para meu quarto. Já que não tinha tomado banho de manhã, e meu cabelo tinha atingido a altura máxima de frizz durante o dia, achei que devia colocar uma roupa linda para controlar os danos. Todas as lembranças que eu tinha do Scott Parnell era desagradáveis, mas companhia era companhia. Eu tinha desabotoado meu cardigã pela metade quando bateram na porta de frente.
Eu encontrei Patch do outro lado dela, as mãos em seus bolsos.
Normalmente eu teria cumprimentado-o ao me confinar diretamente em seus braços. Hoje eu me segurei. Ontem à noite eu dissera que o amava, e ele tinha fugido e supostamente se dirigido diretamente para a casa da Marcie. Meu humor estava em algum lugar entre orgulho ferido, raiva, e insegurança. Eu esperei que meu silêncio reservado lhe mandasse a mensagem de que algo estava errado, e que ficaria até que ele corrigisse, ou se desculpando ou se explicando.
—Ei,— eu disse, assumindo uma informalidade. —Você esqueceu de ligar ontem à noite. Onde você acabou indo?
—Por aí. Você vai me convidar para entrar?
Eu não convidei. —Fico feliz de saber que a casa da Marcie fica bem, sabe, por aí.
Um relampejo momentâneo de surpresa em seus olhos confirmou o que eu não queria acreditar: Marcie estivera dizendo a verdade.
—Quer me contar o que está acontecendo?— eu disse num tom ligeiramente mais hostil. —Quer me contar o que você estava fazendo na casa dela ontem à noite?
—Você parece com ciúmes, Anjo.— Podia ter havido um tom de provocação por trás, mas ao contrário do que de costume, não havia nada de amoroso ou brincalhão nisso.
—Talvez eu não tivesse ciúmes se você não me desse uma razão para ter,— eu retruquei. —O que você estava fazendo na casa dela?
—Dando conta de uns negócios.
Minhas sobrancelhas foram arrastadas para cima. —Eu não tinha percebido que você e Marcie tinham negócios a tratar.
—Nós temos, mas é só isso. Negócios.
—Se importa em explicar?— Havia uma dose pesada de alegações comprimidas entre as minhas palavras.
—Está me acusando de algo?
—Eu deveria?
Patch ferimento superficial dela está sarando apropriadamente. Marcie? Desde quando você começou a colocar nós três na mesma frase? Desde quando ela significa algo para você?— eu repreendi. Aqui vamos nós de novo, o todo mundo —me alertou que você era o tipo de cara que vê as garotas como sendo conquistas. Eles disseram que eu era apenas mais um troféu na sua parede, outra garota estúpida que você seduziu para sua própria satisfação. Eles disseram que o instante que eu me apaixonasse por você seria o instante que você iria embora.— Eu engoli em seco. —Eu preciso saber que eles não estavam certos. não perguntar isso. Não depois de observar tudo desmoronar desde ontem à noite. Eu não posso responder isso,
—Quando a gente se beija, você finge?
Ele parou abruptamente. Outro chacoalhar de descrença de sua cabeça.
Fingir? —Quando eu te toco, você sente algo? Até onde o seu desejo chega? Você sente algo perto do que eu sinto por você?
Patch me observou em silêncio. —Nora-,— ele começou.
—Quero uma resposta honesta.
Após um momento, ele disse, —Emocionalmente, sim.
—Mas não fisicamente, certo? Como eu posso estar num relacionamento, quando eu não faço ideia do quanto significa para você? Eu estou experienciando as coisas num nível completamente diferente? Porque é assim que parece. E eu
—Apenas uma cena? Você está escutando a si mesma?— Ele inclinou sua cabeça para trás contra a parede e deu outra risada sombria. Ele me deu uma olhadela de lado. —Você já acabou com as acusações?
—Você acha que isso é engraçado?— eu disse, atingida por uma onda nova de raiva.
—Bem o oposto.— Antes que eu pudesse dizer mais, ele se virou em direção à porta. —Me ligue quando você estiver pronta para falar racionalmente.
—O que isso quer dizer?
—Quer dizer que você está louca. Você está impossível.
odeio isso,— eu acrescentei. —Eu não quero que você me beije porque você tem que me beijar. Eu não quero que você finja que isso significa alguma coisa, quando na verdade é apenas uma cena. —Eu
Ele inclinou meu queixo para cima e plantou um beijo rápido e bruto na minha boca. —E eu devo estar louco por aguentar isso.
Eu me livrei e esfreguei meu queixo com ressentimento. —Você desistiu de se tornar humano por mim, e é isso o que eu consigo? Um namorado que passa tempo na casa da Marcie, mas não me diz por quê. Um namorado que cai fora ao primeiro sinal de briga. Veja se essa carapuça te serve: Você é um —babaca!
estou louca? Babaca? ele falou com os meus pensamentos, sua voz fria e cortante. Estou tentando seguir as regras. Eu não devo me apaixonar por você. Ambos sabemos que isso não é sobre a Marcie. Isso é sobre o que eu sinto por você. Eu tenho que me segurar. Estou andando numa linha tênue. Me apaixonarfoi o que me encrencou da primeira vez. Eu não posso ficar com você da maneira que eu quero. —Por que você desistiu ser humano por mim se você sabia que não podia ficar comigo?—eu perguntei, minha voz vacilando ligeiramente, suor formigando as palmas das minhas mãos. —O que é que você ao menos
esperava de um relacionamento comigo? Qual o nosso ------ minha voz ficou
presa e eu engoli em seco sem querer ------- propósito?
O que eu esperara de um relacionamento com o Patch? Em algum momento, eu devo ter pensando para onde nosso relacionamento estava indo, e o que aconteceria. É claro que eu pensei. Mas eu estivera tão assustada pelo que eu previra
que eu afastei o inevitável. Eu fingi que um relacionamento com Patch iria funcionar, porque bem no fundo, qualquer tempo com o Patch parecera melhor que nenhum tempo com ele.
Anjo. Eu olhei para cima quando Patch falou meu nome em Ficar perto de você em qualquer nível é melhor do que nada. Eu não vou te perder. Ele fez uma pausa, e pela primeira vez desde que eu o conhecera, eu vi um relampejo de preocupação em seus olhos. Mas eu já caí uma vez. Se eu der aos arcanjos uma razão para achar que eu estou mesmo que remotamente apaixonado por você, eles me mandarão para o inferno. Para sempre. A notícia me atingiu como um golpe no estômago. —O quê? Eu sou um anjo da guarda, ou pelo menos foi o que me disseram, mas os arcanjos não confiam em mim. Não tenho nenhum privilégio, nenhuma privacidade. Dois deles me encurralaram ontem à noite para bater um papo, e eu fui embora com a sensação de que eles querem que eu cometa um deslize de novo. Por uma razão qualquer, eles escolheram agora para serem severos comigo. Eles estão procurando por qualquer desculpa para se livrarem de mim. Eu estou em condicional, e se eu estragar isso, minha história não terá um finalfeliz. Eu o encarei, achando que ele devia estar exagerando, achando que não podia ser tão ruim assim, mas uma olhada em seu rosto me disse que ele nunca falara mais sério.
—O que acontece agora?— eu perguntei em voz alta.
Ao invés de responder, Patch suspirou em frustração. A verdade era que isso ia terminar mal. Não importava o quanto nós recuássemos, protelássemos, ou olhássemos pro outro lado, um dia, cedo demais, nossas vidas seriam separadas. O que
aconteceria quando eu me formasse e fosse pra faculdade? O que aconteceria quando eu seguisse a minha carreira dos sonhos até o outro lado do país? O que aconteceria quando chegasse a hora de eu casar ou de ter filhos? Eu não fazia um favor a ninguém ao me apaixonar pelo Patch cada dia mais. Eu realmente queria ficar nessa por mais perto, sabendo que só iria acabar em desolação?
Por um instante passageiro, eu achei que tinha a resposta —eu desistiria dos meus sonhos. Era simples assim. Eu fechei meus olhos e soltei meus sonhos como se eles fossem balões com cordas longas e finas. Eu não precisava desses sonhos. Eu nem poderia ter certeza que eles fossem se realizar. E mesmo que eles se realizassem, eu não queria passar o resto da minha vida sozinha e torturada com o conhecimento de que tudo que eu fizera não significava nada sem o Patch.
E então eu percebi, de uma maneira horrível, que nenhum de nós podia desistir de tudo. Minha vida continuaria marchando até o futuro, e eu não tinha o poder de pará-la. Patch continuaria sendo anjo para sempre; ele continuaria no caminho que estava desde que caíra.
—Não há nada que possamos fazer?— eu perguntei.
—Estou trabalhando nisso.
Em outras palavras, ele não tinha nada. Estávamos presos dos dois lados —os arcanjos botando pressão em uma direção, e dois futuros se dirigindo para direções amplamente diferentes uma da outra.
—Eu quero terminar,— eu disse silenciosamente. Eu sabia que não estava sendo justa —eu estava me protegendo. Que outra opção eu tinha? Eu não podia dar ao Patch uma chance de me fazer desistir disso. Eu tinha que fazer o que era melhor para nós dois. Eu não podia ficar aqui, esperando, quando a própria coisa que eu esperava desaparecia mais a cada dia. Eu não podia mostrar o quanto eu me importava quando isso só deixaria, no fim, as coisas imensamente difíceis. Principalmente, eu não queria
ser a razão para Patch perder tudo pelo que ele tinha lutado. Se os arcanjos estavam procurando por uma desculpa para bani-lo para sempre, eu só estava facilitando isso.
Patch me encarou como se não pudesse dizer se eu estava falando sério. —É isso? Você quer terminar? Você teve a sua chance de se explicar, que eu não engoli, a propósito, mas agora que é a minha vez, eu devo simplesmente engolir a sua decisão e ir embora?
Eu abracei meus cotovelos e me virei para longe. —Você não pode me forçar a ficar numa relação que eu não quero.
—Podemos falar sobre isso?
—Se quiser falar, me diga o que estava fazendo na casa da Marcie ontem à noite.— Mas Patch estava certo. Isso não era sobre a Marcie. Isso era sobre eu estar assustada e chateada com o fato de que o destino e as circunstâncias tinham nos cortado.
Eu me virei para ver Patch arrastar suas mãos pelo seu rosto. Ele deu uma risada curta e sem humor.
—Se eu tivesse estado com o Rixon ontem à noite, você se perguntaria o que estava acontecendo!— eu atirei de volta.
—Não,— ele disse, sua voz perigosamente baixa. —Eu confio
em você.
Com medo de que fosse perder minha resolução se não agisse imediatamente, eu bati a parte debaixo das minhas mãos contra o peito dele, fazendo-o cambalear um passo para trás. —Vai,— eu disse, as lágrimas deixando a minha voz áspera. —Eu tenho outras coisas que quero fazer da minha vida. Coisas que não te
envolvem. Eu tenho a faculdade e empregos futuros. Não vou jogar tudo isso fora por algo que nunca deveria teve chance.
Patch recuou. —É isso que você realmente quer?
—Quando eu beijar meu namorado, eu quero saber que ele
sente!
Assim que disse isso, eu me arrependi. Eu não queria magoá-lo —eu só queria acabar com esse momento o mais rápido possível antes que eu desatasse e sucumbisse ao choro. Mas eu tinha ido longe demais. Eu vi ele se endurecer. Nós ficamos parados cara-a-cara, ambos respirando de forma alta.
Então ele marchou para fora, puxando a porta para fechar com tudo atrás dele.
Assim que a porta se fechara, eu desmoronei contra ela. Lágrimas queimaram no fundo dos meus olhos, mas nenhuma gota caiu. Eu tinha frustração e raiva demais se batendo dentro de mim para sentir qualquer outra coisa, mas eu suspeitei que isso, de certo modo, fez com que um gemido ficasse preso na minha garganta, e que daqui a cinco minutos, quando todo o resto tivesse desaparecido e eu percebesse o impacto total do que eu tinha feito, eu sentiria meu coração quebrar.

meus pensamentos.
ele disse, me assustando ao falar com os meus pensamentos. Era um dom que todos os anjos possuíam, mas eu não entendia por que ele estava escolhendo usar isso agora. —Eu passo aqui amanhã. Durma bem,— ele acrescentou de forma curta, se dirigindo para a porta.

era geralmente um expert em esconder suas emoções, mas a linha da sua boca se apertou. —Não.
—Se estar na casa dela ontem à noite era tão inocente, por que você está tendo tanta dificuldade em explicar o que você estava fazendo lá?
—Não estou tendo dificuldade,— ele disse, cada palavra medida com cuidado. —Não estou te contando porque o que eu estava fazendo na casa da Marcie não tem nada a ver conosco.
Como ele podia achar que isso não tinha nada a ver conosco? Marcie era a única pessoa que se aproveitava de cada oportunidade para me atacar e me menosprezar. Pelos últimos onze anos, ela tinha me provocado, espalhado boatos horríveis sobre mim, e me humilhado publicamente. Como ele podia achar que isso não era pessoal? Como ele podia achar que eu iria simplesmente aceitar isso, sem perguntar nada? Acima de tudo, ele não conseguia ver que eu estava apavorada por Marcie talvez usá-lo para me machucar? Se ela suspeitasse que ele estivesse remotamente interessado, ela faria tudo em seu poder para roubá-lo para si mesma. Eu não conseguia suportar pensar em perder o Patch, mas me mataria se eu o perdesse para ela.
Devastada por esse medo repentino, eu disse, —Não volte até que esteja pronto para me contar o que você estava fazendo na casa dela.
Patch forçou sua entrada de força impaciente e fechou a porta atrás de si. —Eu não vim aqui para discutir. Eu queria que você soubesse que a Marcie teve alguns problemas esta tarde.
Marcie de novo? Ele achava que já não tinha cavado um buraco fundo o bastante? Eu tentei permanecer calma por tempo o bastante para escutá-lo, mas eu queria gritar com ele. —Ah?— eu disse friamente.
—Ela foi pega no fogo cruzado quando um grupo de anjos caídos tentou forçar um Nephil a jurar fidelidade dentro do banheiro masculino na Bo's Arcade. O Nephil não tinha dezesseis anos, então eles não podiam forçá-lo, mas eles se divertiram tentando. Eles o cortaram bastante, e quebraram algumas costelas. Aí entra a Marcie. Ela bebeu demais e entrou no banheiro errado. O anjo caído que estava guardando o local enfiou uma faca nela. Ela está no hospital, mas eles a liberarão logo. Ferimento superficial.
Meu pulso acelerou, e eu sabia que estava chateada por Marcie ter sido esfaqueada, mas essa era a última coisa que eu queria revelar para o Patch. Eu cruzei meus braços de maneira dura. —Minha nossa, o Nephil está bem?— eu me lembrei vagamente do Patch explicando, há algum tempo, que anjos caídos não podem forçar os Nephilim a jurarem lealdade até que tenham dezesseis anos. Igualmente, ele não podia me sacrificar para conseguir um corpo humano próprio até que eu fizesse dezesseis anos. Dezesseis anos era uma idade sombriamente mágica, até mesmo crucial, no mundo dos anjos e dos Nephilim.
Patch me lançou um olhar que continha uma ínfima partícula de nojo. —Marcie podia estar bêbada, mas a probabilidade é de que ela se lembre do que viu. Obviamente você sabe que anjos caídos e Nephilim tentam ficar despercebidos, e
alguém como a Marcie, com uma bocona, pode ameaçar o segredo deles. A última coisa que eles querem é que ela anuncie para o mundo o que viu. O nosso mundo opera muito mais suavemente quando os humanos não possuem conhecimento dele. Eu conheço os anjos caídos envolvidos.— Sua mandíbula ficou tensa. —Eles farão o que for preciso para manter a Marcie calada.
Eu senti um calafrio de medo por Marcie, mas dispensei-o. Desde quando Patch se importava se algo acontecia ou não com a Marcie?
Desde quando ele estava mais preocupado com ela do que comigo? —Estou tentando me sentir mal,— eu disse, —mas parece que você está preocupado o bastante por nós dois.— Eu sacudi a maçaneta e segurei a porta totalmente aberta. —Talvez você devesse ir ver a Marcie, ver se o
Patch forçou a minha mão a se soltar e fechou a porta com seu pé. —Estão acontecendo coisas mais importantes que você, eu, e a Marcie. — Ele hesitou, como se tivesse mais a dizer, mas fechou sua boca no último momento.
—Você, eu, e a
Ele fechou uma mão em sua nuca, parecendo como se soubesse muito bem que tinha que escolher suas palavras cuidadosamente antes de responder.
—Simplesmente me diga o que você está pensando!— eu falei sem pensar. —Desembucha! Já é ruim o bastante eu não ter ideia do que você está sentindo, quanto mais do que você está pensando!
Patch olhou ao redor, como se perguntando-se se eu estava falando com outra pessoa. —Desembucha?— ele disse, seu tom sombriamente descrente. Talvez até mesmo irritado. —O que parece que eu estou tentando fazer? Se você se acalmar, eu consigo. Agora você vai ficar histérica, não importa o que eu diga.
Eu senti meus olhos se estreitarem. —Eu tenho direito de ficar nervosa. Você não me conta o que estava fazendo na casa da Marcie ontem à noite.
Patch jogou suas mãos para cima.
gesto dizia.
—Há dois meses,— eu comecei, tentando injetar orgulho na minha voz para esconder o tremor nela, —Vee, a minha mãe —
Mesmo eu não querendo relembrar isso, a lembrança da noite passada ressurgiu com uma claridade perfeita. Eu me lembrei da cena humilhante toda com detalhes vívidos. Eu dissera que o amava, e ele me deixara esperando. Havia centenas de maneiras diferentes de analisar o silêncio dele, nenhuma delas boa.
Patch sacudiu sua cabeça em descrença. —Você quer que eu te diga que eles estão errados? Eu tenho a sensação de que você não vai acreditar em mim, não importa o que eu diga.— Ele olhou de modo furioso para mim.
—Você está tão empenhado nesse relacionamento quanto eu estou?— Eu não podia
De repente eu percebi que não fazia ideia de como o Patch realmente se sentia a meu respeito. Eu achava que significava tudo para ele, mas e se eu só tinha visto o que eu queria? E se eu tinha exagerado em excesso os sentimentos dele? Eu olhei em seus olhos, para não facilitar isso para ele, para não dar-lhe uma segunda chance de evitar a questão. Eu precisava saber. —Você me ama?
Corazón, a novela espanhola. Não? Não importa.Sua mãe quer juntar você com Scotty, o Mijão. Imediatamente.
— Marcie ordenou. —Não. cinco para te emprestar. Meu porquinho está oficialmente anoréxico.  

consultando com o psicólogo da escola. Eu sei tudo sobre todos. Exceto sobre o
Patch. Semana passada notei que o arquivo dele está vazio. Eu quero saber por que. Eu quero saber o que ele está escondendo.
—Por que você se importa?
—Ele estava parado na minha garagem na noite passada, olhando pela janela do meu quarto.
Eu pestanejei. —Patch estava parado na sua garagem?
—A não ser que você conheça outro cara que dirija um Jeep Commander, veste-se só de preto, e é super gostoso.
Eu franzi a testa. —Ele disse alguma coisa?
—Ele me viu observando da janela e foi embora. Eu deveria pensar em conseguir uma medida cautelar? Esse é o comportamento normal dele? Eu sei que ele é desajustado, mas quero saber o grau de desajustamento.
Eu ignorei-a, absorvida demais em ponderar essa informação. Patch? Na casa da Marcie? Tinha que ter sido depois dele sair da minha casa. Depois de eu dizer, —Eu te amo,— e dele ter escapulido.
—Não tem problema,— Marcie disse, endireitando-se. —Há outras maneiras de se conseguir informação, como pela administração. Acho que vão fazer um estardalhaço por causa de um arquivo escolar vazio. Eu não ia dizer nada, mas para minha própria segurança...
Eu não estava preocupada com Marcie indo falar com a administração. Patch podia se cuidar. Eu
dificuldade em acreditar que esse negócio fosse ficar parado na garagem da Marcie. Era muito mais fácil aceitar que ele tinha ido embora pelo que eu tinha dito.
—Ou pela polícia,— Marcie acrescentou, batendo a ponta de seu dedo em seu lábio. —Um arquivo escolar vazio quase soa ilegal.
Eu a olhei com olhos frios. —Para alguém que deixou claro que sua vida é superior a de todos os outros alunos desta escola, você com certeza tornou um hábito perseguir cada faceta de nossas vidas entediantes e sem valor.
O sorriso de Marcie desapareceu. —Eu não teria que fazer isso se todos ficassem fora do meu caminho.
—Do seu caminho? Esta escola não é sua.
—Não fale comigo desta maneira,— Marcie disse com um tique de descrença e quase involuntário de sua cabeça. —De fato, não fale comigo e ponto.
Eu virei minhas palmas para cima. —Sem problema.
—E enquanto faz isso, saia.
Eu olhei para baixo para meu banquinho, pensando que com certeza ela não poderia querer dizer-------------------- Eu cheguei aqui primeiro.
Me imitando, Marcie virou suas palmas para cima. —Não é problema meu.
—Não vou sair.
—Não vou sentar do seu lado.
—Que bom ouvir isso.
cinco anos,— eu disse. —Ele não molhava sempre a calça? Não ouse tocar mais cedo. —Hoje à noite não dá, mãe. Patch e eu—
eu gritei na direção dele. Eu te amo, eu te amo! Mas foi como se areia movediça tivesse sido entornada pela minha garganta abaixo; quanto mais eu tentava lutar para que as palavras saíssem, mais rápido elas eram rebocadas para baixo.